Benfica traído pela defesa na Rússia
A segunda derrota da época (depois da eliminação da Taça, com o Marítimo) até nem compromete em demasia as aspirações de chegar aos quartos-de-final da Liga dos Campeões, mas deixa um sabor amargo para quem podia ter saído da gelada Rússia com um resultado bem melhor.
A formação portuguesa resistiu ao frio (dez graus negativos), a um péssimo relvado, à substituição forçada de Rodrigo à meia-hora de jogo, mas no fim acabou por ser traída por um erro de Maxi Pereira, que a dois minutos do fim permitiu que Shirokov marcasse, confirmando que o Zenit é uma equipa temível em casa, onde não perde nas provas europeias desde Setembro de 2008, já lá vão 16 encontros.
O jogo tinha tudo para não ser um desafio típico. Uma equipa tecnicista do Sul da Europa era obrigada a jogar com temperaturas negativas na Rússia e num relvado que mais parecia um pelado. E uma equipa russa (sem alguns jogadores importantes) fazia o seu primeiro jogo do ano, voltando à competição oficial pela primeira vez desde 6 de Dezembro, altura em que empatou a zero no Dragão.
O desconforto de ambas as equipas resultou num jogo com muita luta, passes longos e até períodos de alguma anarquia. Foi preciso esperar 20 minutos por uma oportunidade de golo, altura em que Maxi colocou o Benfica em vantagem, aproveitando uma defesa incompleta do guarda-redes russo a um livre de Cardozo.
O golo despertou os russos, que só precisaram de sete minutos para empatar. Usando uma das principais armas da sua equipa (os ataques pelas laterais), Shirokov marcou.
Logo a seguir, Jesus foi obrigado a mudar de estratégia. Saiu o lesionado Rodrigo (vítima de uma entrada dura de Bruno Alves, o único português em campo) e entrou Aimar. O Benfica perdeu em explosão, mas ganhou em organização e até acabou a primeira parte como a equipa mais rematadora. O controlo benfiquista prolongou-se pela segunda parte e Cardozo até esteve perto de marcar (69’). Só que logo a seguir o Zenit fez o 2-1. Outra jogada pelas alas, com mais mérito atacante do que demérito defensivo, terminou com um calcanhar de Semak (71’).
Cardozo ainda aproveitou outro brinde do guarda-redes para fazer o 2-2 (87’), antes de o erro de Maxi deixar o Benfica com a obrigação de vencer na Luz, a 6 de Março. Algo bem possível, embora Aimar esteja suspenso e o Zenit venha outra vez a Portugal jogar como mais gosta.
POSITIVOShirokov e CardozoUm é médio, outro avançado. Um é do Zenit, outro do Benfica. Um é russo, outro paraguaio. Mas ambos partilham uma atracção pelo golo. Um leva cinco golos na Champions, o outro quatro.
NEGATIVOMaxi Pereira
Na primeira parte até estava a ser um dos melhores jogadores do Benfica. Não só marcou o golo, como foi um dos futebolistas mais activos. Mas no segundo tempo esteve ligado a dois golos do adversário, especialmente ao 3-2, em que aliviou muito mal a bola.
Zhevnov
O guarda-redes do Zenit mostrou por que razão costuma ser suplente do agora lesionado Malafeev. Largou a bola por duas vezes, permitindo dois golos ao Benfica.
Ficha de jogo
Zenit 3
Benfica 2
Jogo no Estádio Petrovsky, em São Petersburgo. Assistência Cerca de 21.000 espectadores.
Zevnov, Anyukov, Bruno Alves, Lombaerts, Hubocan, Denisov, Shirokov, Kanunnikov (Bystrov, 66’), Zyryanov (Semak, 46’), Fayzulin (Rosina, 89’) e Kerzhakov. Treinador Luciano Spalletti.
BenficaArtur, Maxi Pereira, Luisão, Gaitán, Emerson, Matic, Witsel, Gaitán (Miguel Vítor, 90’), Bruno César (Nolito, 76’), Rodrigo (Aimar, 30’) e Cardozo. Treinador Jorge Jesus.
Árbitro Jonas Eriksson, da Suécia. Amarelos Luisão (13’), Bruno Alves (17’), Bruno César (45’+1’), Anyukov (63’) e Pablo Aimar (75’).Golos
0-1, por Maxi Pereira, aos 20’;
1-1, por Shirokov, aos 27’;
2-1, por Semak, aos 71’;
2-2, por Cardozo, aos 87’;
3-2, por Shirokov, aos 88’.