No papel, pouco ou nada diferencia o olhar de Maïwenn le Besco sobre as alegrias e tristezas do dia-a-dia de uma brigada de protecção de menores da polícia parisiense de uma qualquer série policial televisiva, da “Balada de Hill Street” a “The Wire”. Narrativamente, aliás, a actriz e realizadora não consegue nunca “descolar” dessa matriz em direcção a algo de especificamente cinematográfico - a construção em episódios (alguns dos quais nunca resolvidos), a introdução de uma personagem “exterior” ao grupo que serve de substituto do espectador (que, apesar de ser interpretada pela própria realizadora, é o elo mais fraco do filme). O que compensa esse horizonte televisivo é a entrega dos actores de um dos melhores elencos de conjunto que vemos em muito tempo no cinema, e a capacidade de Maïwenn de os apoiar, de lhes dar tempo e espaço para existirem enquanto pessoas e não personagens, com uma distensão que não existe na velocidade da televisão. Resulta num empate técnico - um filme com uma mão-cheia de excelentes momentos, mas que nunca coalesce num todo uniforme.
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