As noites de sábado nos salões do número 27 da Rue de Fleurus, em Paris, eram concorridas. Na casa dos irmãos Leo e Gertrude Stein podiam encontrar-se, a uma mesma mesa, Matisse e Picasso, Georges Braque e Max Jacob, Guillaume Apollinaire e Henri Rousseau. Artistas e poetas, sobretudo, mas também filósofos, críticos de arte, pensadores. Na casa dos Stein a arte não estava apenas pendurada nas paredes, estava por todo o lado e até se sentava nos sofás.
Mecenas incomparáveis, os Stein foram absolutamente fundamentais para as vanguardas parisienses das duas primeiras décadas do século XX. A exposição que abre no dia 28 no Museu Metropolitan (Met), de Nova Iorque - "The Steins Collect: Matisse, Picasso and the Parisian Avant-Garde" - pretende demonstrar a extensão da sua influência, que não partia apenas de Leo (crítico de arte) e de Gertrude (escritora e poeta), mas que se alargava ao seu irmão mais velho, Michael, e à mulher, Sarah.
Reunindo cerca de 200 obras criadas sob a protecção e com financiamento dos Stein, esta exposição, que já foi apresentada no Museu de Arte Moderna de São Francisco e no Grand Palais de Paris, mostra a evolução do seu gosto e em Nova Iorque tem uma montagem orientada para a relação que cada membro da família foi estabelecendo com determinados artistas, muitos deles praticamente desconhecidos à época. "Foram os Stein que apresentaram Matisse a Picasso", lembrou Rebecca Rabinow, a conservadora do Met que passou os últimos oito anos a trabalhar nesta exposição. "O seu apartamento em Paris era o lugar onde iam negociantes, coleccionadores e outros artistas para ver o que estava a acontecer na arte naquele momento."
Partindo da colecção que Leo começou a reunir ao chegar a Paris, em 1903 - obras de Paul Cézanne, Edgar Degas, Paul Gauguin, Henri de Toulouse-Lautrec, Édouard Manet, e Auguste Renoir -, a exposição do Met mostra ainda trabalhos de Picasso e Matisse, Elie Nadelman e Francis Picabia, Pierre Bonnard e Juan Gris, entre outros. Para ver até 3 de Junho.