Como é o mundo lá fora?

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Filme é exibido na quarta-feira DR

Só agora, com Rafa, diz João Salaviza, é que percebeu que completou uma espécie de trilogia - depois de Arena (2009, Palma de Ouro de Cannes) e Cerro Negro (2011, encomenda do programa Próximo Futuro da Gulbenkian). A conclusão segue-se à seguinte proposta que vemos desenhada nos seus filmes: percursos do interior para um exterior, da sombra para a luz, mas na verdade desembocando em outros fechamentos, situações sem saída, sombras ainda. Da casa para a prisão, em Cerro Negro, por exemplo; como em Rafa, curta-metragem que amanhã passa em competição no Festival de Berlim, um adolescente se aventura do interior da sua casa do subúrbio para visitar a mãe numa prisão de Lisboa descobrindo-se com um bebé nas mãos, ou seja, angustiadamente adulto.

Salaviza: "Acabo por colocar as personagens em situação de desconforto nessa viagem pelo exterior, pelo mundo lá fora, porque elas querem pertencer a um mundo qualquer que não é o delas." Chama-lhes "deambulações quixotescas". Porque parecem pequenos os motivos que levam as personagens a dar passos de gigante, gestos iniciáticos - o movimento torna-se imparável, desligando-se da razão que o desencadeou. E ainda porque "nessas viagens as personagens acabam por se perder, como se esquecessem o objectivo" que as empurrou para fora. 

 

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