“200 elementos vão abandonar” o Bloco de Esquerda e formar novo partido

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A falta de entendimento entre as facções do Bloco de Esquerda agudizou-se com os maus resultados das legislativas de Junho Raquel Esperança/arquivo

Gil Garcia adianta que a posição desta corrente do BE, noticiada hoje pelo semanário Sol, foi tomada por "haver discriminação à esquerda" dentro do partido. "Nós fomos empurrados para fora, principalmente depois dos resultados eleitorais de 5 de Junho [em que o Bloco perdeu metade dos 16 deputados que tinha e nem conseguiu reeleger o então líder da bancada, José Manuel Pureza, candidato por Coimbra]", conta.

Neste contexto, Gil Garcia conta que "cerca de 200" militantes do BE vão "começar a entregar os cartões do partido" e que está convocado para 10 de Março do próximo ano um congresso em Lisboa, "aberto a toda a esquerda, independentes, ex-bloquistas e aos novos movimentos sociais das acampadas, e a todos os que não se revêem nas posições oficiais dos partidos e dos sindicatos institucionalizados". "Entre Janeiro e Fevereiro vamos começar a contactar toda a gente e a distribuir um manifesto", refere.

Entre as críticas que tece à actual direcção do BE, Gil Garcia diz que o partido está "cada vez mais institucionalizado e parlamentarizado" e que, depois dos "maus resultados eleitorais" nas legislativas, todo o debate interno foi feito "apenas em plenário da moção A" - afecta às três principais correntes, PSR, UDP e Política XXI.

O líder da Ruptura/FER defendeu que o BE deveria ter feito uma convenção extraordinária para debater os resultados eleitorais e também posições "mais audazes" em vários domínios, como na exigência do fim das portagens em todas as autoestradas, a suspensão do pagamento da dívida ou nas políticas de apoio ao emprego.

"Decisão é irresponsável"

A Mesa Nacional do Bloco já reagiu e em comunicado diz que a decisão da Ruptura/FER "é irresponsável e um passo culminante de uma trajectória de sectarismo". Lembra que já em Março foi colocado um vídeo na internet com um discurso dos elementos daquela corrente e "desde então, os membros do grupo abandonaram as suas actividades no Bloco".


A Mesa acusa a Ruptura/FER - que se integrou no Bloco já "depois da sua fundação" - de, durante uma década, ter ocultado as suas divergências, "aprovando as resoluções das Convenções que agora diaboliza". Nos últimos ano, "passou a afirmar divergências de fundo sob qualquer pretexto" e há exemplos: "Intervenções tão extravagantes como o apelo à constituição de brigadas para apoiar os talibãs no Afeganistão, ou apelo ao voto em branco nas eleições presidenciais", aponta o Bloco de Esquerda.

"O sectarismo absoluto tornou-se a forma de actuação do grupo. Isso ficou à vista de muitos dos seus militantes iniciais, que se afastaram do grupo e escolheram o Bloco como seu partido", lê-se na nota. E o partido desvaloriza: "Enquanto o Bloco se fez para criar uma esquerda socialista com influência de massas, com convergência e força, o novo partido da FER é apenas mais um grupo, entre outros, e com a mesma linha do MRPP."

Notícia actualizada às 14h30

Acrescenta reacção do Bloco de Esquerda