Fora-de-Jogo

Chegou com cinco anos de atraso, mas mais vale tarde do que nunca; não será o melhor filme de Jafar Panahi (que para nós continua a ser “Sangue e Ouro”), mas esta comédia sobre futebol onde a bola, o árbitro e os jogadores ficam resolutamente fora de campo usa o desporto como linguagem universal capaz de transcender as regras arbitrárias impostas por uma sociedade regulamentada. “Fora de Jogo” é a história de meia-dúzia de raparigas apanhadas a tentar entrar no estádio onde se joga o “match” decisivo que poderá qualificar o Irão para o Mundial 2006: é uma espécie de versão iraniana do “Breakfast Club” onde elas mandam vir como gente grande, eles não sabem bem o que lhes responder, todos descobrem coisas sobre si próprios e o Irão ganha uma tridimensionalidade espontânea que faz muita falta aos manifestos secos que muitas vezes vemos. Uma das personagens fala da diferença entre o peixe fresco e o peixe congelado: “Offside” diz coisas muito sérias com um sorriso nos lábios. E, contrastado com “Isto Não É um Filme”, explica muito bem que o peixe fresco anda a fazer falta ao cinema - iraniano e não só.

Sugerir correcção
Comentar