Reabilitar as cidades não custa nada!

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José Paixão, Angélica Carvalho e Diogo Coutinho Foto: Pedro Cunha

O objectivo deste projecto - um dos dez candidatos ao concurso FAZ - Ideias de Origem Portuguesa, uma iniciativa da Fundação Gulbenkian e da Fundação Talento para portugueses na diáspora e residentes - é criar uma organização sem fins lucrativos para reabilitar as cidades, sem custos para senhorios e proprietários. Isto é possível graças a estudantes de Engenharia e de Arquitectura, não só de Portugal, mas de toda a Europa, que poderão voluntariar-se para "conceber e realizar os projectos usando materiais de construção doados" por empresas fornecedoras, a troco de isenções fiscais, explica José Paixão, de 27 anos, ao P2. Estas empresas terão também o seu nome associado a este projecto, "potencialmente de elevada exposição pública", sendo uma maneira de publicitarem a sua marca.

O único encargo para os proprietários seria o alojamento e a alimentação destes estudantes voluntários. "Os espaços reabilitados serão arrendados a empresas startup e servirão também de habitação social", com a supervisão do trabalho pelas universidades portuguesas, acrescenta Paixão, que frequenta uma pós-graduação em Design Experimental.

Os projectos de requalificação poderiam, assim, ser "casos de estudo em cursos específicos de reabilitação de edifícios", o que levaria a um melhor acompanhamento técnico por parte dos professores e alunos especialistas.

Esta futura organização tem como missão repovoar os centros urbanos e dinamizar as cidades "como máquina de transformação social", classifica a equipa. O projecto pode ser aplicado no Porto, cidade natal dos três membros da equipa Reabilitação a Custo Zero. "Apercebemo-nos da nítida gravidade deste problema na Invicta", explicam. "O mercado não está a conseguir responder a esta necessidade", avalia Diogo Coutinho, de 27 anos, que trabalha numa empresa especializada nesta área.

Reabilitar um prédio no centro da cidade fica "muito caro e não é rentável para uma empresa". "E, quando é, as rendas do "novo" apartamento tornam-se proibitivas para a maior parte dos cidadãos", o que restringe o público-alvo destas reabilitações, remata. "Queremos provocar uma onda mais abrangente e mais generalizada de reabilitação, que vai levar, esperemos, ao crescimento e transformação da zona e a um melhoramento da qualidade de vida de quem lá mora", anseia.

Nesta cidade, a supervisão técnica destas reabilitações poderá ficar a cargo da Universidade do Porto (UP). "Ainda não estabelecemos contacto com a UP, mas acreditamos que a instituição nos vai ajudar a lançar e promover novos talentos", defende Angélica Carvalho, de 21 anos, estudante de Arquitectura na Escola Superior Artística do Porto (ESAP).

No entanto, a equipa já encetou contactos com a Câmara Municipal do Porto que se mostrou "muito interessada" e apoiou a ideia. "Ainda nos faltam alguns contactos, mas aos poucos vamos conseguir", diz Angélica. A intenção é levar a ideia até à capital e a outras "cidades necessitadas". A principal dificuldade que espera a Reabilitação a Custo Zero é a burocracia, temem os membros da equipa. Por isso, o prémio de 50 mil euros seria "um incentivo importante, encorajador e motivador", define José Paixão. Talvez este projecto o faça regressar ao país que deixou há dez anos.

Amanhã Super-M
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