O cinema afásico de Kelly Reichardt deu-se bem em filmes ("Old Joy", "Wendy & Lucy") que andavam perdidos, sem género. Agora que a realizadora entra dentro do território codificado do "western", "O Atalho" não evita ser lido como "anti-mito", como "revisionista". Esse programa é um fardo para "Meek's Cutoff". Quer dizer: os "western" revisionistas dos anos 60 e 70, mesmo os "westerns" tardios dos cineastas que, antes, fundaram o "mito", já andaram por estes caminhos, e transbordavam em cinema. A "O Atalho" sobra-lhe, só, alegoria. É como se o cinema não fosse "natural" a Reichardt, fosse qualquer coisa que a intimidasse. Repare-se como o excesso de "realismo" - o guarda-roupa sujo, por exemplo - se deixa ver como artifício; é mesmo isso: guarda-roupa de cinema.
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