Sarkozy e Merkel reúnem-se em Berlim à procura de solução para a crise da dívida grega
O encontro foi inicialmente agendado para preparar a habitual cimeira europeia de Junho e debater a agenda europeia e internacional, mas a evolução da situação na Grécia, com o agravamento da tensão social e política, e o adiamento da decisão sobre um novo pacote de ajuda financeira, tornam incontornável um assunto que ameaça inclusive o sistema financeiro europeu no caso de um cenário de incumprimento do reembolso da dívida grega.
Depois de ontem a situação grega ter ameaçado uma nova crise nos mercados de dívida, com a posição da Espanha a degradar-se, hoje a jornada parecia começar com maior tranquilidade, com analistas citados pela imprensa especializada a afirmarem que as maiores atenções se voltam justamente para os resultados da reunião entre Merkel e Sarkozy.
A França tem-se oposto à ideia alemã de reestruturar a dívida grega afectando os credores privados, através de um reescalonamento do reembolso dos títulos a vencer, cujo reembolso o Governo de Merkel propôs que fosse adiado sete anos, de modo a dar tempo ao país de reequilibrar as suas contas e retomar o crescimento económico.
A posição da França tem sido coincidente com a do BCE e a da Comissão Europeia, que apenas aceitam o envolvimento dos privados a título voluntário, de modo a não criar o que nos mercados se designa um “evento de crédito”, que se regista quando alguma das condições de reembolso de dívida não é cumprida e permite accionar os seguros de crédito, os credit default swaps (CDS), agora conhecidos do grande público.
Esta divergência, que tem envolvido também outros países europeus, alinhados por cada uma destas posições, foi a razão principal de ontem os membros da zona euro não terem decido ainda a atribuição de um novo programa de resgate financeiro da Grécia a médio prazo (além dos 110 mil milhões decididos no ano passado), que em Bruxelas se tem feito saber que dever ficar entre 60 mil milhões e 90 mil milhões de euros.
No entanto, as autoridades alemãs parecem ter-se resignado já à posição da França e das instituições europeias, pois segundo a AFP os dois países dizem agora que “não se fará nada que vá contra a opinião do Banco Central Europeu”.
A resolução da situação financeira da Grécia torna-se urgente para acalmar os mercados, depois de ontem os responsáveis europeus terem dito que a decisão sobre o novo pacto de resgate ficaria adiada até meados de Junho ou mesmo Setembro, ficado este fim-de-semana garantida a entrega de apenas mais uma parcela de 12 mil milhões ainda do âmbito do pacote decidido no ano passado). O presidente do Eurogrupo veio já dizer, a um órgão de comunicação alemão, que está contra um adiamento da decisão até Setembro.
Ontem Nicolas Sarkozy apelou ao “espírito de responsabilidade e ao sentido de compromisso” para “defender a moeda única”.
A AFP diz que, além da crise grega, Berlim e Paris procuram estreitar os laços, que têm sido afectados pelas diferenças de estilo entre os impetuosos franceses e os reservados alemães e pela falta de concertação entre as duas capitais.
Os dois países deverão também coordenar as suas posições sobre a Síria, o processo de paz no Médio Oriente ou as modalidades de adesão da Croácia à União Europeia, segundo diplomatas europeus não identificados.
Notícia actualizada às 10h33