Dois grandes fios condutores orientam uma programação variada que tem início a 17 de Setembro com um recital da soprano finlandesa Karita Mattila: "Um Outono russo, no qual se destaca a apresentação das três últimas sinfonias de Tchaikovsky e a integral dos Quartetos de Chostakovich pelo Quarteto Borodin", e uma "Primavera dedicada a Wagner, antecipando um ano o bicentenário do compositor" e propostas como o projecto de Uri Caine Wagner e Veneza, uma versão de concerto da ópera Tannhäuser e o filme Ludwig, de Visconti.
Uma novidade será o ciclo Teatro/Música em parceria com o Teatro Maria Matos e apresentado por Risto Nieminem, em colaboração com Mark Depputer. "Se os públicos dos dois espaços se irão cruzar é uma incógnita", mas os dois mentores do projecto assim o desejam. Haverá espectáculos como a encenação multimédia da ópera O Castelo de Barba Azul, de Bartók, encomendada à Philharmonia Orchestra; a peça A Portuguesa (uma desconstrução do Hino Nacional) pela companhia Cão Solteiro; a coreografia Danza Preparada, de Rui Horta; e a estreia em Portugal dos Momente, de Stockhausen.
Ao todo, a temporada contempla 142 concertos (mais 11 do que no ano passado) e um total de 165 eventos, incluindo conferências, projecção de filmes e a continuação das transmissões da temporada de ópera do Metropolitan de Nova Iorque. Mantém-se também o ciclo Músicas do Mundo, outra inovação da última temporada (a primeira da responsabilidade de Nieminem), com início a 30 de Outubro com o ensemble Yair Dalal (música sacra da antiga Bagdad). Destaca-se a presença de grupos como o Ryuichi Sakamoto Trio e a estreia na Gulbenkian de António Zambujo, que fez uma pequena actuação no final da conferência de imprensa.
Te Deum em São RoqueNo âmbito da música contemporânea salienta-se o ciclo dedicado ao maestro e compositor britânico contemporâneo Thomas Adès e o início do Festival Jovens Músicos, coordenado pelo compositor Luís Tinoco, em parceria com a Antena 2. O repertório português, praticamente ausente no ano anterior, está representado pela reabilitação da tradição setecentista do grande Te Deum na Igreja de São Roque no último dia do ano - neste caso com a interpretação do Te Deum de 1769, de João de Sousa Carvalho, pelo Coro Gulbenkian e pelo Divino Sospiro, sob a direcção de Jorge Matta - e por estreias de novas obras de Carlos Caires e Pedro Amaral.
O ciclo Grandes Orquestras inclui a visita da Deutsche Kammerphilharmonie com Maria João Pires e direcção de Trevor Pinnock e do Ensemble Orquestral de Paris, bem como o regresso da Philharmonia Orchestra, da Orquestra de Câmara da Europa e da Orquestra Juvenil Gustav Mahler.
A música antiga tem apenas sete concertos e, mais uma vez, deixa de fora a Idade Média e o Renascimento para se concentrar no Barroco (com as presenças da Freiburger Barock Orchester, da Orquestra Barroca de Veneza, dos contratenores Philippe Jarousky e Andreas Scholl e da soprano Patricia Petibon, entre outros) e desaparece o Ciclo de Canto. A já referida participação da soprano Karita Mattila foi inserida no ciclo de Música de Câmara. Regressam pianistas como Sokolov, Kissin, Hélène Grimaud, Radu Lupu e Brendel (para uma conferência e recitais de câmara) e a Orquestra Gulbenkian será dirigida por maestros de diferentes quadrantes estéticos, como, por exemplo, Kirill Petrenko, Peter Eötvös ou Philippe Herreweghe.