França defende ataques aéreos contra alvos na Líbia
O Presidente francês Nicolas Sarkozy afirmou esta manhã que o Conselho Nacional Líbio é o “representante legítimo” do povo líbio, numa decisão que não é unânime entre a comunidade internacional. A ministra espanhola dos Negócios Estrangeiros, Trinidad Jimenez, já adiantou que Madrid não seguirá o exemplo e que o reconhecimento deve ser feito no âmbito da União Europeia.
Sarkozy encontrou-se com três emissários da oposição líbia e adiantou que iria propor à União Europeia a realização de ataques aéreos contra vários alvos na Líbia para pôr fim à violência no país onde se têm verificado violentos confrontos entre as forças leais a Khadafi e a oposição. Entre esses alvos estaria o aeroporto de Sirte, a cerca de 500 quilómetros de Trípoli, bem como o de Sebha, junto à fronteira com o Chade, e o campo de Bab al-Azizia, em Trípoli, onde se encontra a residência de Khadafi, adiantou a AFP.
A proposta de ataque contra estes alvos não foi confirmada por uma fonte do Eliseu, que apenas disse à agência francesa estar a ser preparado “um pedido de autorizações jurídicas para impedir o uso da força por Khadafi”, mas o objectivo da iniciativa francesa será contornar a oposição da Rússia e da China, no âmbito do Conselho de Segurança da ONU, em relação a uma proposta de Paris e Londres para a criação de uma zona de exclusão aérea na Líbia para impedir as forças de Khadafi de atacar a população.
Em Berlim, o secretário de Estado para os Negócios Estrangeiros, Werner Hoyer, mostrou-se céptico e adiantou, citado pela AFP, que a situação “é ainda muito confusa”, enquanto em Itália o primeiro-ministro Silvio Berlusconi considerou “preferível esperar por uma posição conjunta da UE" antes de se pronunciar.
Londres considerou o Conselho Nacional Líbio um “interlocutor válido”, mas sem lhe atribuir, para já, um reconhecimento idêntico ao que lhe deu a França. “O Reino Unido reconhece Estados, não governos, disse à AFP um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico, que adiantou: “O Conselho Nacional Líbio é um interlocutor válido, com o qual defendemos que se deve trabalhar de forma próxima”.
Esta quarta-feira a chefe da diplomacia europeia Catherine Ashton recusou reconhecer o Conselho Nacional Líbio como única autoridade legítima na Líbia. “Cabe ao conselho dos chefes de Estado e de Governo tomar tal decisão. Não estou a tentar esquivar-me, mas é preciso que as coisas sejam feitas como deve ser”, argumentou.
NATO nega discussões sobre ataque à LíbiaA decisão da França de reconhecer a legitimidade do Conselho Nacional Líbio foi tomada na véspera da cimeira de chefes de Estado e de Governo da União Europeia, que se reúnem em Bruxelas para discutir a situação na Líbia, mergulhada em conflito há 24 dias, e a poucas horas de o secretário-geral da NATO, Anders Fogh Rasmussen, se ter também manifestado sobre os confrontos no país, num encontro entre os 28 ministros da Defesa dos 28 países que integram a Aliança Atlântica.
Rasmussen negou que tenha sido abordada a possibilidade de um ataque à Líbia, como foi defendido pela França, mas adiantou estar a ser considerada a possibilidade de criar uma zona de exclusão aérea no país para impedir os ataques levados a cabo pelas forças de Khadafi se houver um mandato claro da ONU nesse sentido. No entanto, afirmou que as condições necessárias para isso acontecer - "uma necessidade demonstrável, uma base legal clara e um firme apoio regional" não se verificavam actualmente.
“A NATO está unida, vigilante e pronta para agir”, adiantou o secretário-geral da Aliança Atlântica. Para já, foi decidido reposicionar os navios das forças da Aliança Atlântica no Mediterrâneo.