Investigador português participa em novo tratamento para tumores cerebrais infantis

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Os tumores neuronais são a maior causa de mortalidade por cancro na infância Rui Gaudêncio (arquivo)

Conforme explicou Pedro Castelo-Branco, “os tumores pediátricos neuronais são a maior causa de morbidade e mortalidade em cancro infantil. Isto deve-se à capacidade dos tumores de reincidirem após o tratamento com radioterapias, quimioterapias e cirurgia”.

Os estudos da equipa do investigador português demonstram que “as células estaminais normais, responsáveis pelo normal desenvolvimento infantil, não necessitam da enzima telomerase para a sua sobrevivência”, substância esta que se encontra em células iniciadoras de tumores.

É assim que a descoberta abre portas ao uso de inibidores de telomerase, que “inibirão as células cancerígenas sem afetar as células estaminais normais”, explicitou.

“No nosso estudo foram usados inibidores de telomerase de uma companhia Norte Americana, sediada na Califórnia”, apontou, acrescentando não estar em posição de anunciar os consórcios médicos que serão responsáveis pelos ensaios clínicos, prevendo, porém, que se iniciem em doentes já este ano.

O novo tratamento baseia-se numa descoberta da equipa do Centro de Pesquisa de Tumores Cerebrais Arthur e Sonia Labatt, daquele hospital da Universidade de Toronto, a que Pedro Castelo-Branco pertence, visando tumores cancerígenos pediátricos, mas tem igualmente um potencial de aplicação na terapia de tumores neuronais em adultos.

A investigação, que mereceu capa na revista “Clinical Cancer Research” da Associação Americana de Investigação do Cancro em Janeiro, tem “o maior impacto na área da Oncologia Pediátrica, uma vez que esta terapia é específica na erradicação de células tumorais sem afectar o desenvolvimento normal infantil”, elucidou Pedro Castelo-Branco à Lusa.

Pedro Castelo-Branco está há dois anos e meio em Toronto, no Hospital “Sick Kids”, no centro de investigação de novos tratamentos para o combate ao cancro infantil, a fazer pesquisa e a ampliar a experiência que adquiriu nos EUA na área dos tumores cerebrais em adultos.

Nascido em Lisboa, Castelo-Branco licenciou-se em Biologia na Universidade de Aveiro, obteve um doutoramento em Biologia Molecular na Universidade de Oxford, em Inglaterra, e nos últimos anos foi investigador e docente da Universidade de Harvard, nos EUA, onde iniciou a carreira de investigação em tumores cerebrais.

O investigador expressou o desejo de regressar a Portugal no prazo de dois anos, tencionando iniciar uma “carreira académica e de investigação com reconhecimento dentro e fora do país”.

“Em Portugal, existem locais onde se pode fazer boa ciência e uma vontade política de que tal aconteça”, considerou.

Advertiu, no entanto, que “a área das células iniciadoras de tumores, e em particular as do foro neurológico, por ser bastante recente, não está ainda bem representada”.

“Com a minha ida para Portugal, espero contribuir de forma relevante para o desenvolvimento de novas terapias que participem ativamente no combate às doenças desta natureza”, concluiu.

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