Integração social de imigrantes já atingiu 31 mil destinatários
Raj Kuner Malla é um dos muitos imigrantes em Portugal que beneficiaram da ajuda do Centro Nacional de Apoio ao Imigrante (CNAI). O nepalês partiu do seu país em 2004 na esperança de melhorar o futuro. O CNAI respondeu às suas necessidades. "Era muito difícil estar aqui sem documentos, precisava de informação", disse o imigrante. O centro conseguiu a sua legalização. "Aqui a vida é melhor!"
Dezenas de pessoas passam, diariamente, por uma situação similar à de Raj. As caras nos corredores do CNAI nunca são as mesmas, mas as questões que ali levam os imigrantes traduzem os mesmos problemas: dificuldade nos processos de integração e procura de respostas. Aqui, os 31 mil beneficiários dos apoios do Programa Operacional Potencial Humano (POPH) deixam de ser números. Ganham forma e história.
Natural da Ucrânia, Nataliia Nikitina também recorre ao centro. Está em Portugal há quase dois anos. No início foi muito difícil encontrar "orientação". O CNAI demorou apenas "um mês a tratar dos papéis necessários". "Tinha tentado resolver tudo sozinha, mas é muito difícil. No CNAI eles compreendem-nos. Trabalham muito bem."
O CNAI, dependente do Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural (ACIDI), pretende responder às necessidades destes "novos" habitantes do país. Financiado pelo POPH, este espaço é, de acordo com a alta-comissária Rosário Farmhouse (na foto), da maior importância nas políticas de integração. O atendimento na língua materna facilita "a comunicação e o relacionamento entre as pessoas". Para Lina Wang, elemento chinês do centro, estar no CNAI permite lidar com uma realidade que "ajuda a crescer". Os cerca de 480 mil atendimentos desde o início da parceria entre o centro e o POPH representam uma "boa aposta", diz Bernardo Sousa, director do ACIDI.
Na Associação Jardim Escola São João de Deus, na Amadora, também os números são casos reais. "É motivante ver os resultados. Saber que a intervenção possibilitou, por exemplo, a ida de jovens para a universidade é algo que nos deixa muito orgulhosos," diz António Ponces de Carvalho, da direcção da associação.
Através do programa Escolhas é possível "desenvolver actividades dedicadas aos jovens, como dança, ou cursos de informática. Eles sentem-se cativados pelas iniciativas e esta é a melhor forma de ocupar o tempo", diz. Opinião partilhada por Mabília Novais, da Associação de Solidariedade Social do Alto da Cova da Moura. "Existem contextos difíceis, de desemprego e incapacidades económicas, mas graças ao nosso apoio alguns desses problemas são superados", diz. O Escolhas, financiado pelo POPH e promovido pelo ACIDI, afirma-se como "um importante instrumento de mudança social."
Hoje, Raj Kuner Malla tem nacionalidade portuguesa, e o seu próprio restaurante no país. Após um ano de "papelada" trouxe para junto de si a mulher e duas filhas.