Governo minoritário holandês toma posse apoiado num populista anti-islâmico

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A equipa que tomou posse só tem 11 ministros Jerry Lampen/REUTERS

Esta aliança do Partido Popular para a Liberdade e a Democracia (VVD) com o Apelo Democrata-Cristão (CDA) tem por tarefa principal reduzir o défice orçamental; mas o seu escasso mandato não lhe irá permitir efectuar reformas profundas.

Trata-se do primeiro Governo minoritário holandês desde a II Guerra Mundial e do primeiro que desde 1918 é ali formado por um liberal, se bem que de cariz conservador: Mark Rutte, de 43 anos, que em 2007 assumiu a liderança do VVD, partidário da livre iniciativa. Como os 31 deputados alcançados pelo VVD e os 21 da Democracia Cristã só totalizavam 52, numa câmara de 150, foi necessário negociar a “tolerância” do fortemente anti-islâmico Partido da Liberdade (PVV), de Wilders, que garantiu 24 assentos, mais 15 do que tinha anteriormente.

Os austeros liberais de Rutte e os democratas-cristãos de Maxime Verhagen, nomeado ministro dos Assuntos Económicos, ficaram assim reféns de um homem que está a ser julgado em Amesterdão por incitamento à discriminação e ao ódio contra os imigrantes muçulmanos. O programa de governo negociado entre as três partes restringe a possibilidade de pessoas nascidas fora da União Europeia (UE) se radicarem na Holanda, proíbe a burqa, aumenta o número de polícias e preconiza o estreitar de laços com Israel.

Só com a condição de se limitar a imigração e de se proibir as mulheres de andarem de cara tapada é que Geert Wilders condescende em apoiar fortes cortes orçamentais, de modo a que até 2013 o país reduza o seu défice aos limites impostos pela UE. No programa da nova coligação governamental também se afirma que a UE não se poderá expandir sem limites; uma maneira porventura indirecta de dizer que a Turquia não é admitida como parceiro.

A equipa que hoje tomou posse só tem 11 ministros, para além do chefe do Governo, e apenas três deles são mulheres, respectivamente no Ambiente, na Saúde e na Educação e Cultura. Na oposição ficaram essencialmente os trabalhistas, com 30 lugares, os socialistas, com 15, os Democratas 66 e a Esquerda Verde, cada um destes grupos com 10 deputados.

O anterior gabinete, chefiado pelo democrata-cristão Jan Peter Balkenende, caíra em Fevereiro, devido a desacordos sobre a continuação de tropas holandesas no Afeganistão. E o novo já recebeu mensagens de felicitações tanto do presidente da UE, Herman van Rompuy, como do presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso.

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