Não se espere de "A Origem" nem a estrutura perfeita e artificiosade "Memento"(2000), nem o lado sonâmbulo e prospectivo de "Insónia" (2002), embora se reconheça sempre a Christopher Nolan um impecável profissionalismo e uma capacidade para organizar o plano e para dirigir actores.
Um pouco como acontecia em "O Cavaleiro das Trevas" (2008), o realizador parece limitar-se (e não é pouco) a gerir um entretenimento bem construído. E, no entanto, reconhecemos o gosto pela narrativa labiríntica, pelo jogo de peripécias que resiste a qualquer sinopse redutora, apostando sobretudo no modo como vai chegando aos seus objectivos: o prazer de contar em espiral, trazendo para a ficção infindáveis pormenores, comonum gigantesco "puzzle".
Estamos sobretudo perdidos no tempo e no espaço como o protagonista (excelente prestação de Leonardo Di Caprio) que pirateia ideias alheias. Nolan não inventa nada, nem acrescenta muito ao modo como reinventou a lenda de Batman, por exemplo, mas compraz-se num cinema em que os efeitos estão ao serviço de um processo de recontar o reconhecível. Interessante e divertido.