Dissidente cubano Guillermo Fariñas termina greve de fome
Fariñas foi convencido a parar o protesto por um grupo de dissidentes que o visitou no hospital de Santa Clara, onde está internado e em risco de vida. “Põe fim à greve", anunciou a opositora ao regime de Raúl Castro Gisela Delgado, citada pela AFP.
Inicialmente Fariñas tinha reagido com contenção ao anúncio da libertação de presos políticos. Primeiro disse que só abandonaria o protesto quando 12 prisioneiros fossem libertados. Mas ontem recebeu no hospital o bispo de Santa Clara, Arturo Gonzalez Amador, e disse “esperar a libertação dos cinco primeiros antes de se reunir com os companheiros de luta para tomar uma decisão”, disse à AFP uma dissidente próxima dele, Alejandrina Garcia. Acabou por decidir abandonar o protesto mesmo antes de qualquer libertação.
Fariñas estava a ser muito pressionado para abandonar a greve de fome. Um dos apelos chegou do principal rosto das Damas de Branco, mães e mulheres de prisioneiros, Laura Pollán. “Acredite um pouco”, disse-lhe através da Reuters. “Pare a greve, que é mais valioso vivo do que morto”. A caminho do hospital de Santa Clara estava já o grupo de dissidentes para o convencer a voltar a comer.
O seu protesto tinha começado a 24 de Fevereiro, após a morte de outro dissidente, Orlando Zapata, que esteve mais de 80 dias em greve de fome.
“Uma nova etapa” para CubaA libertação de 52 prisioneiros políticos dará início “a uma nova etapa em Cuba”, tinha dito horas antes o ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol, Miguel Ángel Moratinos, que acaba de regressar de Havana. Para os EUA é “um passo positivo, mas tardio”, nas palavras da secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton.
Não terá sido totalmente inesperado o anúncio, na quarta-feira, de que o Governo cubano irá libertar 52 prisioneiros de consciência, cinco em breve e outros 47 “em três ou quatro meses”. Para trás ficam vários semanas de negociações entre a Igreja Católica cubana e o Governo e, já esta semana, a visita do chefe da diplomacia espanhola com a questão dos prisioneiros políticos na agenda.
Moratinos, Raúl Castro e o arcebispo de Havana, cardeal Jaime Ortega, estiveram reunidos durante mais de seis horas, partilharam refeições e, no fim, a Igreja Católica anunciou que iriam ser libertados os 52 prisioneiros - dissidentes detidos na “Primavera Negra” de 2003, quando o Governo de Fidel Castro ordenou a detenção de 75 opositores.
Moratinos defendeu que “não há razão nenhuma” para que a UE mantenha a posição comum adoptada em 1996 que limita o diálogo dos Estados-membros com Cuba à questão dos direitos humanos. “Isto era o que os meus colegas me pediam, espero que agora respondam ao compromisso”, disse ao "El País".
notícia actualizada às 19h43