Partamos do princípio de que não havia realmente motivo para se fazer um "remake" do filme de Wes Craven que, em 1984, lançou uma das séries mais populares do cinema B de terror dos últimos 25 anos (e não havia, a não ser a falta de ideias dos estúdios americanos e a necessidade de relançar um "franchise" refrescado).
Partindo desse princípio, o que o estreante Samuel Bayer faz da história do papão com facas nos dedos que ameaça uma série de adolescentes dentro dos seus sonhos é um eficientíssimo filme B de terror que actualiza eficazmente os moldes clássicos do género. Bayer e os argumentistas Wesley Strick e Eric Heisserer respeitam a estrutura do original (os pesadelos mortais que invocam a presença de Freddy Krueger têm a sua origem no "pecado dos pais") e homenageiam-no até numa série de planos que citam directamente o filme de Craven, ao mesmo tempo que dão corpo e consistência à narrativa (Freddy, honrosamente recriado por Jackie Earle Haley, é aqui, mais do que um simples papão, uma personagem).
O que faz a diferença, então? Simples: apesar de o "Pesadelo em Elm Street" original ter mais buracos do que uma fatia de queijo suíço, tinha a seu favor o factor novidade, o modo como o seu "monstro do id" comentava subrepticiamente a fútil "década do ego", o evidente amor que Craven tinha pelo género (e que se prolongou nas primeiras sequelas, dirigidas por gente como Jack Sholder, Chuck Russell ou Renny Harlin). Bayer, que vem dos telediscos, é um mero tarefeiro encarregue de entregar um produto pasteurizado, e fá-lo com respeito e desenvoltura, mas sem a alma do original. O que não invalida que, perversamente, este "remake" seja de longe o melhor resultado do recente ciclo de reinvenções supervisionado por Michael "Transformers" Bay, depois de "Amityville - A Mansão do Diabo" e "Massacre no Texas" ou "Sexta-Feira 13"...