Leilão do Palácio do Correio Velho faz um milhão de euros

Sinal de que o mercado leiloeiro de peças de grande qualidade está sólido: o leilão especial que se realizou no Palácio do Correio Velho, em Lisboa, anteontem à noite, fez mais de um milhão de euros. Um serviço de jantar Galos de porcelana chinesa que pertenceu a D. João VI, com 52 peças (embora incompleto), foi o lote que atingiu o valor mais elevado (115 mil euros, tendo partido de uma base de licitação de 40 mil), seguido por um par de cómodas D. Maria, do século XVIII, arrematado por 56 mil euros.

Os leilões especiais oferecem peças seleccionadas, muitas vezes retiradas de colecções apresentadas noutros leilões e reservadas para estes. O Palácio do Correio Velho realiza dois ou três leilões especiais por ano. "Estes resultados mostram que os leilões não estão a decrescer na área das peças de grande qualidade", diz Anísio Franco, especialista em leilões da revista L+Arte. "Estão de facto a surgir peças muito boas e o nosso mercado está atento".

Na terça-feira foram leiloados 191 lotes provenientes de 50 coleccionadores diferentes nas áreas da Arte e das Antiguidades. Algumas peças foram vendidas a um preço muito superior à base de licitação - foi o caso de um bule decorado com reservas [pequenas molduras] com peixes, da colecção da Madame Pompadour, que partiu de uma base de mil euros e acabou arrematado por 9800.

Foram apresentadas várias peças com valor patrimonial relevante, refere Anísio Franco, que destaca uma colcha indo-portuguesa do século XVII, um biombo chinês do século XVIII, uma grande salva de prata da primeira metade do século XVIII, ou ainda um par de amituários (armários com gavetas) da mesma época.

Em alturas de crise, "os investidores tendem a comprar onde julgam que o investimento é seguro", explica este analista. E os segmentos de topo do mercado são, neste contexto, os mais apetecíveis.

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