Grupo Pestana aposta em nova geração das Pousadas de Portugal para voltar aos lucros
Desde que o grupo Pestana assinou o contrato de exploração, na sequência da privatização da Enatur em 2003, as unidades hoteleiras têm sofrido com as quebras no sector do turismo.
Em 2007, a facturação foi de 38,2 milhões de euros (com resultados positivos de 46 mil euros), mas nos restantes anos os números têm caído a uma velocidade de dez por cento. No ano passado, a rede fechou com um resultado líquido negativo de cinco milhões de euros.
Para inverter os maus resultados, o maior grupo hoteleiro português está a apostar na construção de "uma nova geração de pousadas" e espera uma ligeira retoma já em 2010. "Essa perspectiva de recuperação já inclui as novas pousadas no Palácio do Freixo, (Porto) em Viseu e em Estói (Faro)", diz Castelão Costa, presidente do Grupo Pestana Pousadas. As remodelações em curso de dezenas de unidades também se enquadram na estratégia de regresso aos resultados positivos, mas têm provocado tensões entre os trabalhadores e a empresa.
A Federação dos Sindicatos de Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal (FESAHT) admite a hipótese de convocar greve durante a Páscoa em protesto contra o "assédio" que diz estar a ser feito aos funcionários, obrigados a "transferências forçadas" durante o período de obras das unidades, feitas durante a época baixa. Por outro lado, contesta os aumentos propostos para 2010, que abrangem os trabalhadores que auferem o salário mínimo (subida de 11,1 por cento) e quem ganha 500 euros mensais.
"Está a ser exercida uma pressão psicológica sobre os trabalhadores", acusa Rudolfo Caseiro, coordenador da FESAHT. Os sindicatos estão a organizar plenários para "auscultar a opinião" dos funcionários e ponderam avançar para paralisação na Páscoa.
Castelão Costa diz que a actual situação impõe "aumentos cautelosos" na empresa, que, em 2008, "entrou numa fase difícil". Os números são conhecidos pelos trabalhadores, garante, acrescentando que desde 2007 e até ao ano passado as vendas caíram 6,2 milhões de euros. "Estamos todos a pagar a crise. Quem tem um salário mais elevado não será aumentado, incluindo a administração", disse.
Sobre as transferências, esclarece que cumpre o Acordo de Empresa, assinado pelos sindicatos, e que prevê a deslocalização para uma distância não superior a cem quilómetros. Os trabalhadores argumentam que as deslocações implicam distâncias de mais de 200 ou 300 quilómetros, com prejuízo familiar e pessoal.
Sem avançar números, Castelão Costa admite que as Pousadas de Portugal têm, hoje, menos trabalhadores do que há três anos. Foram propostas rescisões ("o contrário também sucedeu") e há mais recurso à contratação de empresas externas para serviços de quartos e lavandaria. Actualmente, a rede de 42 unidades em funcionamento tem 850 trabalhadores. "As pousadas nunca foram um negócio de grande rentabilidade e nós sabíamos isso. Sabíamos que era um projecto difícil e que só um grupo como o Pestana conseguiria assumi-lo", garante.
Com uma marca de prestígio, que nasceu há 60 anos, o grupo hoteleiro quer melhorar o produto através das remodelações e de novos projectos, como o da Pousada no Terreiro do Paço, em Lisboa. A obra será assumida pela Enatur (detida pelo Estado), onde o Grupo Pestana tem 49 por cento. "A nova geração de pousadas tem maior conforto, maior dimensão, e melhor localização", disse.
Castelão Costa admite que uma solução para dar rentabilidade é aumentar o número de pousadas que estão a ser geridas em franchising, como a do Torrão e do Marão. Para além disso, está a analisar a subconcessão de exploração a terceiros. "A questão está em aberto, excepto para as pousadas históricas", revelou.