Um dos mais violentos sismos dos últimos cem anos provocou pelo menos 700 mortos no Chile

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Na região de Conceição, a 500 quilómetros a Sul de Santiago, a destruição assume maiores proporções Carlos Vera/Reuters

Durante o dia de hoje falou-se de 300 mortos, depois 400, e o último dado indicado pela Presidente, Michelle Bachelet, foi de 708 vítimas.

As autoridades anunciaram o recolher obrigatório para duas zonas mais afectadas: a cidade de Conceição, que mais sofreu com o sismo, e a zona costeira de Maule, mais devastada pelo tsunami que se seguiu.

O sismo provocou uma série de alertas de tsunami nos países banhados pelo Oceano Pacífico, nomeadamente na Rússia e no Japão que ontem e hoje decidiram deslocar da costa milhares de pessoas.

Segundo o gabinete chileno de emergência (Onemi), a grande maioria das vítimas mortais, cerca de 90 por cento, pereceu dentro de casa enquanto dormia, surpreendida pelo forte tremor de terra que espalhou o pânico em cidades como Conceição e Santiago, a capital.

Na região de Conceição, a 500 quilómetros a Sul de Santiago, a destruição assume maiores proporções com milhares de casas e carros destruídos, estradas esventradas e pontes abatidas, nomeadamente a que atravessava o rio Bio Bio. “A força da natureza decidiu novamente mostrar a sua força no nosso país”, lamentou a Presidente Michelle Bachelet que está prestes a terminar o seu mandato à frente do país andino com mais de 16 milhões de habitantes.

O Chile, situado numa das regiões do mundo com mais intensa actividade sísmica, é vizinho de uma zona de convergência de duas grandes placas tectónicas. Foi no Chile que se sentiu o maior sismo desde que existem registos – aconteceu em Valdivia no dia 22 de Maio de 1960 e atingiu uma magnitude de 9,5.

O Chile não foi muito atingido pelas vagas que se formaram após o abalo, com epicentro no Oceano Pacífico, a cerca de 90 quilómetros de Conceição, segunda maior cidade chilena, com cerca de 500 mil habitantes. No entanto, na pequena ilha Robinson Crusoe, a 700 quilómetros da costa, pelo menos cinco pessoas morreram e onze estão dadas como desaparecidas. Entre os desaparecidos, encontra-se uma equipa de dez arqueólogos submarinos franceses.

Ontem, a Presidente Michelle Bachelet sobrevoou as zonas afectadas. “Para já, os estragos não podem ser calculados”, disse numa mensagem ao país no final do dia. Segundo a ministra da Habitação, Patricia Poblete, 1,5 milhões de casas foram afectadas, entre as quais 500 mil deixaram de ser habitáveis.

Em Santiago, o abalo, que, segundo testemunhas, durou mais de um minuto, mergulhou vários bairros na escuridão e trouxe para as ruas milhares de chilenos aterrorizados. Várias horas depois, muitos recusavam-se a entrar nas suas casas, com receio de que as múltiplas réplicas, algumas das quais com magnitude acima dos 6, pudessem provocar ainda mais estragos.

O piso de várias auto-estradas ficou com brechas, o aeroporto da capital foi fechado por 24 horas. A pista ficou intacta, mas o terminal de passageiros ficou danificado.

Apesar dos elevados estragos, as autoridades chilenas pediram à comunidade internacional que aguardasse antes de enviar ajuda. “Uma ajuda que chega sem que estejam definidas as prioridades não é uma grande ajuda”, disse o chefe da diplomacia Mariano Fernande, afirmando que o Haiti, país recentemente abalado por um sismo, pode ter mais necessidade dessa ajuda.

Vários países e organismos internacionais propuseram a sua ajuda. A União Europeia ofereceu 3 milhões de euros de ajuda de emergência. O Secretário-geral da ONU Ban Ki-moon anunciou que o auxílio da organização que dirige está disponível. O Presidente dos EUA, Barack Obama, também se mostrou disponível a ajudar.

O sismo chileno foi mais violento do que aquele que devastou o Haiti no dia 12 de Janeiro, que registou uma magnitude de 7. Segundo o último balanço, o abalo no Haiti provocou cerca de 222 mil mortos. O Chile, um dos países mais desenvolvidos na América Latina, estava melhor preparado para fazer face ao tremor de terra. O país implementou normas de construção anti-sísmicas.

Notícia corrigida às 10h50 e actualizada às 21h30
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