Aguiar-Branco lança quinta-feira no Porto candidatura à liderança

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Sucessão de Manuela Ferreira Leite continua em aberto Adriano Miranda

Um dia depois de ter entrado com estrondo na disputa, o eurodeputado Paulo Rangel resguardou-se. Cumprindo o seu roteiro, Pedro Passos Coelho foi a Coimbra apresentar o seu livro Mudar, saudou os seus opositores, insistiu na necessidade de o PSD partir rapidamente para directas e deixou uma farpa a Rangel. "Há dois anos que estou a preparar-me para propor ao PSD uma estratégia que exige uma mobilização para o país. Para criar emprego, riqueza (...). Isso não se faz porque um dia acordamos e achamos que as coisas deviam ter um destino diferente", declarou.

Com o desfecho da reunião do conselho nacional de hoje ainda em aberto, o tempo é da gestão do silêncio e o alinhamento dos apoios em torno dos três candidatos é medido ao milímetro. Rui Rio, o velho compagnon de route de Aguiar-Branco e que teve em Paulo Rangel um aliado precioso na conquista da presidência da Câmara do Porto, não se pronuncia sobre a situação do PSD. Luís Filipe Menezes adia para mais tarde uma tomada de posição, mas vai avisando que o futuro líder "tem obrigação de ser um factor permanente de unidade e coesão".

Dividido entre Rangel e Aguiar-Branco, o campo afecto à actual direcção de Manuela Ferreira Leite teme que Passos Coelho retire os maiores dividendos dessa fractura. E foi evidente, ontem no Parlamento, a tentativa de passar a ideia, da parte de sociais-democratas próximos da direcção de Ferreira Leite, de que Aguiar-Branco poderia ser pressionado a desistir.

Ontem, os líderes das distritais de Vila Real, Viseu e Leiria colocaram-se ao lado de Passos. Mas a grande incógnita é o que se prepara para fazer Santana Lopes no congresso extraordinário que ele próprio patrocinou, recolhendo mais de 2500 assinaturas e que se realizará antes das eleições directas. E onde quer "discutir tudo". Santana continua a optar pelo silêncio. A eventualidade de avançar, tida como plausível por vários sectores do partido, alteraria de novo as circunstâncias da disputa pela liderança do PSD. Uma possibilidade que, nas palavras de alguns dirigentes, só prova que nem todo o jogo está em cima da mesa e "tudo está muito volátil".

Na retaguarda, barrosistas, mendistas e marcelistas vigiam todos os passos. Distritais como a de Lisboa não se comprometem. Nem se percebe para que lado cai a do Porto. E poucos foram os deputados a dizer o quer que seja aos jornalistas.

Marcelo Rebelo de Sousa, que desistiu de entrar "no ringue" depois de ter equacionado a hipótese de avançar (desde que resultasse numa solução de unidade do partido), não quis ontem falar sobre as candidaturas. "Houve um [candidato] quarta-feira. Parece que sexta-feira haverá outro, haverá ainda outro com o conselho nacional... Só vale a pena comentar depois do somatório dos acontecimentos", declarou.

O que eles dizemManuela Ferreira LeitePresidente do PSD

"É bom haver sempre possibilidade de escolher em democracia. Portanto, quantos mais [candidatos], melhor."


Marcelo Rebelo de Sousa

Ex-líder do PSD

"Não comento [os candidatos], até por uma razão simples e prática. Como esta semana os acontecimentos no PSD se sucedem ao ritmo de um por dia, prefiro comentar depois, em pacote, no fim, do que estar a comentar dia a dia."


Miguel VeigaHistórico militante do PSD-Porto

"Eu presumi, e presumi erradamente, que entre eles [Aguiar-Branco e Paulo Rangel] tinham acertado agulhas, ou seja, que se avançasse um não avançava o outro (...) Mas não tenho nada a opor à candidatura de Aguiar-Branco."


Luís Filipe MenezesEx-líder do PSD

"Não tenciono por agora apoiar nenhum candidato. Não sei se mais adiante o venha a fazer de uma forma construtiva."


Graça CarvalhoEurodeputada

Paulo Rangel protagoniza "uma candidatura contra o bloco central de interesses. É o único candidato capaz de liderar uma renovação geracional."


Alberto João JardimPresidente do Governo Regional da Madeira

"Eu olho para este molho de candidaturas anunciadas como a repetição daquilo que se passou há dois anos atrás [quando Manuela Ferreira Leite, Pedro Passos Coelho e Pedro Santana Lopes concorreram à liderança do PSD]."


Mira AmaralEx-ministro da Economia e da Indústria

"Toda a gente percebia, não sejamos ingénuos, que Manuela Ferreira Leite queria Paulo Rangel. Vou mesmo mais longe: Paulo Rangel é o candidato do "cavaquismo". Não é a pessoa indicada para liderar o PSD."


Com Graça Barbosa Ribeiro
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