Infarmed suspende venda de medicamento para emagrecimento
Em Portugal, no ano passado foram vendidas pelos armazenistas às farmácias mais de 180 mil embalagens de medicamentos com esta substância e em 2008 mais de 195 mil, o que corresponde a um volume de vendas de 7,5 milhões de euros em cada ano, de acordo com dados fornecidos ao PÚBLICO pela consultora IMS Health. A sibutramina está presente em vários medicamentos autorizados em Portugal como o Reductil, o Zelium e em várias versões genéricas. Só pode ser vendida com receita médica e não é comparticipada pelo Serviço Nacional de Saúde, sendo que uma embalagem com 56 comprimidos custa mais de 80 euros.
Em Dezembro a Agência Europeia do Medicamento (EMEA) tinha anunciado que iria rever a segurança do produto. Agora, o Comité de Medicamentos para o Uso Humano (CHMP) diz que os estudos concluídos indicam que “os riscos destes medicamentos são mais elevados do que os benefícios”, pelo que recomenda a suspensão das Autorizações de Introdução no Mercado deste medicamento em todos os países da UE. Uma recomendação que já foi enviada para a Comissão Europeia que deverá adoptar em breve uma decisão sobre o assunto e que será vinculativa para todos os Estados-membros.
O estudo que levou a estas conclusões foi feito ao longo de seis anos e envolveu dez mil doentes e tinha como objectivo avaliar o impacto cardiovascular desta substância em doentes com excesso de peso ou obesidade e com factores de alto risco para doenças cardíacas. “O CHMP concluiu deste modo que os benefícios da sibutramina enquanto parte integrante de um programa de perda de peso não suplantam os seus riscos cardiovasculares”, que podem ir de palpitações e taquicardias até enfartes e acidentes vasculares cerebrais.
Segundo o comunicado do Infarmed que dá conta da decisão da EMEA, “os medicamentos com sibutramina estão autorizados na Europa desde 1999 e são utilizados no tratamento da obesidade como auxiliar na perda de peso. Juntamente com uma dieta controlada e exercício físico, estão indicados em doentes obesos ou com excesso de peso que apresentem simultaneamente outros factores de risco, como diabetes tipo 2 ou dislipidemia”.
Agora, a autoridade nacional recomenda aos médicos que deixem de prescrever esta molécula e pede às farmácias que deixem de a vender. Aos doentes que já estão a tomar sibutramina, o Infarmed aconselha que marquem uma consulta com o médico para escolher uma solução alternativa e explica que podem, se assim entenderem, suspender já a toma do medicamento.
Notícia actualizada às 15h05