Quarenta anos após o concerto Live Peace in Toronto, que juntou John Lennon e a Plastic Ono Band - com Eric Clapton na guitarra, Klaus Voorman no baixo e Alan White, que depois integraria os Yes, na bateria -, a banda de Yoko Ono vai voltar ao palco, no próximo dia 16 de Fevereiro, para um espectáculo único na Academia de Música de Brooklin, em Nova Iorque.
Além de Ono, Clapton e Voorman, que integraram a formação original - se a expressão faz sentido aplicada a um grupo que nunca teve um elenco fixo -, o concerto incluirá ainda uma série de ilustres músicos convidados, como Paul Simon, Thurston Moore, Kim Gordon, Martha Wainwright, e ainda os japoneses Yuka Honda, Cornelius e Haruomi Hosono, da Yellow Magic Orchestra. Está também prevista a participação de Sean Lennon, filho de Yoko e John.
O concerto de 1969 deu origem a um disco gravado ao vivo, creditado a The Plastic Ono Band, que teve algum êxito nos Estados Unidos, chegando ao 10º lugar das tabelas. O mesmo não aconteceu com o álbum vanguardista "Yoko Ono/Plastic Ono Band", de 1970, no qual a cantora recorre a técnicas vocais da música tradicional japonesa. Demolido pela crítica, foi também um fracasso comercial, mas são muitos os que hoje reconhecem que teve uma grande influência em músicos posteriores.
A viúva de John Lennon, assassinado por um fã em 1980, voltou também recentemente às páginas dos jornais por outro motivo: a declaração de que pretende escrever e publicar a sua autobiografia, previsivelmente em 2015. Segundo a "Rolling Stone", o futuro livro tratará, designadamente, da sua "intensa relação" com Lennon e dos "mitos sobre o papel que teria tido na separação dos Beatles".
O anúncio está a gerar natural curiosidade, já que, ao contrário da anterior mulher de John Lennon, Cynthia, que já publicou dois livros de memórias - "A Twist of Lennon" (1978) e "John" (2005) -, Yoko Ono, embora se tenha envolvido em polémicas com Paul McCartney a propósito da autoria de algumas das canções dos Fab Four, nunca pareceu querer entrar em colisão assumida com os sobreviventes da banda. Nem se mostrou nunca disposta a divulgar a sua versão dos acontecimentos que levaram ao fim dos Beatles.
Em 2007, numa entrevista à Reuters, explicou mesmo que não o faria por ter receio de que o que pudesse dizer magoasse "os filhos deles". É provável que estivesse a pensar, sobretudo, em Julian Lennon, o filho de John e Cynthia. Agora, ao que parece, mudou de ideias e quer deixar o seu testemunho de uma história que, apesar de muito que sobre ela já se escreveu, nunca terá sido cabalmente contada.