Anulação de dois contratos foram machadadas nos estaleiros de Viana do Castelo

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Os ENVC tinham assinado, a 29 de Maio de 2008, um contrato com o armador monegasco SCS Liveras Hugo Delgado (arquivo)

“Os ENVC caíram num buraco e só podem sair dele com uma administração capaz, que reorganize a empresa e consiga novas encomendas”, afirma o presidente da Comissão de Trabalhadores, Manuel Cadilha.

Os ENVC tinham assinado, a 29 de Maio de 2008, um contrato com o armador monegasco SCS Liveras para a construção de dois mega-iates de luxo, cujo valor nunca seria revelado, por “ordens expressas” do cliente, ficando as entregas aprazadas para 2011.

No entanto, o negócio foi por água abaixo depois do assassinato de Andres Liveras, responsável pelo contrato.

Liveras morreu num ataque terrorista na Índia, em Novembro de 2008, quando grupos de extremistas invadiram dois hotéis e uma sinagoga na cidade de Mumbai, provocando centenas de mortos e feridos.

“O armador foi assassinado, os ENVC entraram em conversações com a família para ver ser alguém assumia o contrato dos mega-iates, mas como ninguém se chegou à frente o negócio morreu”, disse o presidente da Comissão de Trabalhadores da empresa.

Cadilha admitiu que este era um negócio “importante” para os ENVC, não só por preencher a “débil” carteira de encomendas, mas também por constituir “um salto em frente em termos de penetração de mercado”.

Isso mesmo reconheceu, na altura da assinatura do contrato, a administração dos ENVC, que, em comunicado, referia que se tratava de “um momento muito importante” para a empresa.

A administração sublinhava que se tratava de “um passo significativo para a sua entrada na área da construção de sofisticadas embarcações de luxo, passando assim a integrar o grupo de elite dos construtores navais ocidentais neste segmento de mercado”.

“Sob o ponto de vista estratégico, o futuro da construção naval na Europa passa pelo acesso e consequente penetração no exigente mercado dos armadores especializados em navios de cruzeiro e mega-iates de grande luxo, pelo que este contrato assume especial relevância para a vida da empresa”, acrescentava.

Outro duro revés sofrido pelos ENVC em 2009 foi a recusa do Governo dos Açores em receber o navio “Atlântida”, por a embarcação, orçada em quase 50 milhões de euros, não cumprir com a velocidade contratualizada.

“É urgente encontrar uma solução para este imbróglio, não podemos continuar com um barco deste valor e desta qualidade aqui parado, a acumular prejuízos para a empresa, que já tem problemas financeiros que cheguem”, apelou Manuel Cadilha.

Segundo o representante dos trabalhadores, estes dois problemas, a par da crise económica, “levou a uma quebra de 90 a 95 por cento nas encomendas de barcos a nível mundial” e deixaram os ENVC mergulhados “buraco” financeiro.