Gostamos muito do universo que o casal Agnès Jaoui-Jean-Pierre Bacri tem vindo a criar ao longo dos últimos quinze anos enquanto argumentistas e actores, abordando com inteligência, humor e emoção os problemas normais das pessoas normais (aquelas que, dizia a outra, não têm nada de excepcional).
Mas não conseguimos afastar a sensação de que Jaoui e Bacri têm estado a "pisar ovos" desde o magnífico "O Gosto dos Outros" (2000) - e "Deixa Chover", sétimo filme escrito a dois e terceiro dirigido por Jaoui, história de uma escritora seduzida pela política e dois documentaristas improvisados que a seguem num regresso infeliz à sua terra natal, pouco ou nada traz de novo ao que já conhecíamos da dupla. A não ser a sensação de ser um filme menos controlado, mais solto, mas também um pouco menos "acabado" e um tudo nada mais "mal acabado".
Nada que impeça de o recomendarmos sem reserva, pela inteligência dos diálogos, pela justeza dos actores, pela sensação de que estamos a ver gente que enfrenta problemas do mesmo modo, confuso e complicado, como nós próprios os enfrentamos. Mas começa a ser altura de Jaoui e Bacri tirarem mais alguns coelhos da cartola.
