“Eram cerca de 3h00 quando vi uma nuvem de fumo e alertei os bombeiros”, conta Vasco Morgado jr, que mora no prédio contíguo. “O fogo começou na cobertura do edifício e veio por ali abaixo”.

À excepção do Hot Clube, de um restaurante e de uma tertúlia, que funcionavam entre o rés-do-chão e a cave, o edifício não tinha mais ocupantes, encontrando-se devoluto nos andares superiores.

Ignora-se a origem das chamas, embora seja possível que sem-abrigo se tenham introduzido de forma clandestina no prédio, entrando pelas traseiras.

Luís Hilário, programador e director artístico do Hot Clube, lamentou ao PÚBLICO o sucedido, não sabendo ainda "o que irá acontecer a partir de agora". Luís Hilário indicou que na cave que servia de casa ao Hot Clube já não se encontrava o espólio deixado por Luís Villas-Boas, mas receia que instrumentos como o piano ou o contrabaixo, "que fazem muita falta", tenham ficado destruídos.

O responsável ainda não teve autorização para ver como se encontra o espaço. "Só vou poder entrar no edifício às 14h00 com a Protecção Civil".

O vereador com o pelouro do Desporto, Obras Municipais e Protecção Civil na Câmara de Lisboa, Manuel Brito, acompanhou as operações dos bombeiros entre 04h00 e as 06h00 e admitiu que se tratou de um trabalho "moroso" dada a construção do prédio. "Trata-se de um prédio antigo, com soalho de madeira e tabique", sublinhou, adiantando que a Tertúlia Festa Brava, uma associação que funciona no rés-do-chão do edifício, não foi afectada pelo incêndio e que "provalmente" a cave, onde está o Hot Clube, também não terá sido afectada pelas chamas. "Só depois da vistoria ao edifício, que será realizada pelos serviços municipais, é que se saberá as condições em que se encontram todos os espaços", explicou.

O presidente da Junta de Freguesia de S. José disse que vai propôr ao presidente da Câmara de Lisboa e à vereadora da Cultura que provisoriamente o Hot Clube passe a funcionar na Sala Café Concerto do Cinema São Jorge, na Avenida da Liberdade.