Cientistas podem ter vislumbrado matéria negra
A equipa de investigadores está desde 2007 a desenvolver uma experiência para tentar confirmar a existência de matéria negra – que, por ora, é apenas um conceito teórico, usado para explicar fenómenos como o afastamento das galáxias.
A observação, divulgada esta semana, casou excitação na comunidade científica, mas não é ainda suficiente para confirmar a existência de matéria negra e muitos especialistas têm reagido com cautela: há mais de 20 por cento de hipóteses de o fenómeno detectado pelos investigadores ter sido provocado por outras causas. Novas experiências, agendadas para o próximo ano, poderão ajudar a lançar mais luz sobre a matéria.
Os cientistas argumentam que a matéria visível – composta por átomos e de que fazem parte os planetas e a estrelas, por exemplo – não chega a ser cinco por cento do Universo. Cerca de 25 por cento será matéria negra e o restante será energia negra, cuja existência também ainda não está provada.
O conceito de matéria negra emergiu na década de 30, depois de ter sido observado que o movimento das galáxias parecia ser afectado por forças gravitacionais que não podiam ser provenientes apenas dos corpos visíveis.
Para além de não reflectir a luz, as partículas de matéria negra praticamente não interagem com as partículas de matéria visível. Mas, em ocasiões raras, é possível que umas e outras colidam.
A experiência desenvolvida pelos investigadores usou detectores arrefecidos para uma temperatura muito próxima do zero absoluto (que é de 273 graus negativos). Uma partícula de matéria negra que embata num destes detectores deixará alguns vestígios, entre os quais um rasto de calor – que foi precisamente o que os cientistas observaram.
A experiência foi conduzida no fundo de uma mina para evitar interferências de radiação cósmica. Mas, ainda assim, é possível que o fenómeno observado pelos cientistas tenha sido apenas “ruído de fundo”.
A existência de matéria negra é essencial para a confirmação das teorias desenvolvidas para explicar o funcionamento do Universo. A própria teoria das supercordas, que visa uma modelo unificado para todo o Cosmos, pressupõe a existência destas partículas invisíveis.