Sócrates dá tréguas à dramatização e quer cinco regiões
Mas essa é "uma sã divergência" com a qual "um grande partido" pode "conviver". Porque, avisou, ou se conseguem agora os "consensos políticos essenciais" quanto às cinco regiões, ou então a regionalização nunca passará do papel. Admitindo ainda que o "não" no referendo foi o resultado do PS de então, liderado por António Guterres, ter insistido na divisão do país em nove regiões.
"As cinco regiões administrativas recolhem hoje um consenso social e político que nos permite avançar", disse o líder do PS. A regionalização foi um dos temas centrais das jornadas e que o partido quer que seja discutido nos próximos meses, de modo a tentar um novo referendo depois das presidenciais de 2011.
Um dia depois de o líder histórico do PS Mário Soares ter considerado injustificada tanta crispação política apenas 45 dias depois de o Governo ter tomado posse, Sócrates não alimentou a tese da dramatização e repetiu que tem "condições e vontade" para governar. Repetiu que o executivo está disposto ao diálogo com a oposição, aberto a falar sobre o Orçamento do Estado. Embora avise que as negociações se destinam "a construir" e não para "suspender" ou "destruir". E voltou a atirar contra os partidos da oposição, dizendo que nestas primeiras duas semanas tentaram um "ajuste de contas com o passado".
De resto, o dia de ontem foi mais prolongado do que previsto para os deputados. Sócrates chegou com mais de duas horas de atraso, depois de ter ido a Portalegre, onde chegou com mais de meia hora de atraso para ouvir uma vaia dos familiares da GNR que prestaram compromisso de honra e aguardaram debaixo de chuva. Em Beja, foi diferente: os deputados socialistas aproveitaram o tempo para almoçar, depois de uma manhã num debate, fechado aos jornalistas, sobre a regionalização com Carlos Lage e António Costa. Sócrates justificou-se: alguém no seu gabinete pensou que seria possível fazer o trajecto de Portalegre a Beja numa hora...
Depois de umas jornadas centradas nas regiões e nas estratégias de desenvolvimento, pouco se falou (a não ser à margem do encontro) do Orçamento do Estado. Apenas um deputado - Ricardo Gonçalves - terá abordado o assunto. Francisco Assis, líder parlamentar, afirmou que "no momento certo" a bancada irá discutir o orçamento, que dentro de um mês terá "enorme importância", depois de ser apresentado pelo Governo. De polémicas nem sinal. Um deputado desabafou que, com o PS em minoria no Parlamento, "é preciso haver juizinho". Parafraseando um aparte de Sócrates para Paulo Portas no último debate quinzenal.