Projecto de acordo divide ricos e pobres em Copenhaga
Há fortes divisões em Copenhaga sobre o texto a ser aprovado no final da cimeira do clima. Alguns críticos afirmam que o esboço traçado pelo Governo dinamarquês, anfitrião do encontro, significa fortes desvantagens para os países em desenvolvimento.
Depois de o jornal britânico "The Guardian" ter publicado o chamado documento dinamarquês, as negociações entraram em crise no segundo dia da cimeira. Os países em desenvolvimento terão ficado enfurecidos com as informações de que na próxima semana os líderes mundiais iriam ser confrontados com um acordo que prevê a entrega de mais poder aos países ricos, e que iria dar às Nações Unidas um papel mais lateral nas futuras negociações sobre as alterações climáticas.
Os países em desenvolvimento queixam-se, nomeadamente, de que serão fixados limites desiguais para as emissões de carbono em 2050, dando aos mais ricos a possibilidade de emitir praticamente o dobro do que seria aceite para os países em desenvolvimento. Esta seria uma enorme inversão do princípio do protocolo de Quioto que determina que são os países desenvolvidos que mais têm de agir para reduzir as emissões de CO2.
O esboço considera uma redução de 50 por cento das emissões globais (em referência aos níveis de 1990) até 2050, quando a maior parte dos países industrializados já se tinham comprometido com cortes de 80 por cento nas suas próprias emissões. Para além disso, prevê-se que o controlo financeiro das alterações climáticas seja entregue ao Banco Mundial, abandona-se o Protocolo de Quioto, quando o que muitos defendiam era a sua extensão já que é o único tratado internacional vinculativo sobre os cortes das emissões; e torna-se o dinheiro destinado a ajudar os países pobres dependente de um conjunto de medidas a serem tomadas.
O documento foi elaborado como esboço de um acordo pelo “círculo do compromisso”, que inclui britânicos, norte-americanos e dinamarqueses. E terá sido mostrado a apenas meia dúzia de responsáveis desde que foi terminado, esta semana.
Paralelamente, outros blocos trabalham as suas próprias propostas, como é o caso do grupo BASIC - Brasil, África do Sul, Índia e China - que apresentou um texto alternativo, acrescenta a BBC online.
Os presidentes dos grupos de trabalho terão de transformar todos os documentos num único, a ser apresentado aos 100 líderes mundiais e assinado no final da cimeira.