Parlamento iraquiano aprovou nova lei eleitoral
Com dez minutos para o prazo da meia-noite dado pelo vice-presidente sunita Tareq al-Hashemi – o qual ameaçava impor um segundo veto à iniciativa legislativa – os deputados adoptaram um novo enquadramento da distribuição dos assentos parlamentares, concordando num compromisso que dá uma maior representação às comunidades de refugiados, na esmagadora maioria sunitas, a etnia que dominava o país até 2003.
Os Estados Unidos acolheram prontamente o acordo político que permitirá ao Iraque fazer eleições já no início do próximo ano – a 27 ou 28 de Fevereiro, conforme anunciou Tareq al-Hashemi que proporá estas datas à Comissão Eleitoral Nacional do país, e não em Janeiro como foi inicialmente previsto. “É um momento decisivo para a democracia iraquiana e saudamos o povo do Iraque e os seus representantes eleitos”, foi avaliado em comunicado emitido domingo à noite pelo porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs.
Um atraso significativo na realização do sufrágio legislativo poderia vir a pôr em causa os planos do Presidente norte-americano, Barack Obama, de dar arranque à retirada das forças dos Estados Unidos a 31 de Agosto de 2010, data que a Administração definiu como o fim das operações de combate, e conseguir uma saída total do território em 2012. Mais: um atraso neste plano tornaria mais difícil para os Estados Unidos fortalecerem a sua posição militar no Afeganistão, onde Obama quer reforçar substancialmente os esforços de guerra.
“Concordei em retirar o veto”, declarou o vice-presidente sunita em declarações a um canal de televisão local. Hashemi bloqueara a 18 de Novembro a primeira proposta de lei eleitoral, argumentando que não dava representação justa às comunidades refugiadas ao que as forças xiitas – agora dominantes no Parlamento – uniram forças com a minoria curda para fazer passar uma emenda que foi vista como um desafio ao vice-presidente uma vez que reduzia o número de assentos atribuídos às circunscrições sunitas do país.
Finalmente, e sob a pressão dos Estados Unidos e das Nações Unidas, os deputados acabaram por acordar numa distribuição de lugares que Hashemi avaliou como “aceitável”. “A lei foi adoptada por quase unanimidade”, declarou o presidente do Parlamento, Iyad al-Samarrai, sem mais pormenores – embora alguns deputados tenham relatado mais tarde às agências noticiosas que todos os 138 representantes em câmara aceitaram o compromisso.