O Braga marcou um golo a sério e outro a brincar
Estava escrito. Em Matosinhos, o Sporting de Braga não marcava um golo a contar para o campeonato desde o dia 18 de Janeiro de 1970, desde um pontapé de canto que terminou com o golo de Carlos Baptista. Hoje, o Braga, que esperou quase quarenta anos para ver outro golo da sua autoria no Estádio do Mar, levou as mãos à cabeça quando tudo finalmente aconteceu.
Numa noite de tormenta, com vento e chuva em doses generosas, os protagonistas foram Moisés e Eduardo, dupla que quebrou regras básicas dos manuais de futebol. O defesa porque fez um atraso rasteiro na direcção da baliza numa noite tormentosa. O guarda-redes porque foi surpreendido por uma bola em velocidade caracol que estacionou junto ao poste direito, quase sem incomodar a rede da baliza.
O Leixões, sem fazer muito – a não ser povoar o meio-campo e manter a bola o máximo de tempo possível -, via-se à frente no marcador, graças a um auto-golo de Moisés (partilhará certamente os créditos com Eduardo) aos 33’, um enorme contratempo na corrida do Braga pela vitória – e por outra palavra que começa num “t” e termina num “o” e que em Braga todos parecem ter medo de pronunciar.
Domingos Paciência via-se obrigado a adiar o seu plano para a segunda metade. Com menos chuva e menos ventos cruzados, com Matheus no lugar de Meyong e Hugo Viana já em campo (começara a titular Andrés Madrid) e com o Leixões reduzido a dez unidades por expulsão de... Braga (é já o quarto jogo consecutivo que os de Matosinhos não acabam um jogo com onze jogadores). Tudo boas notícias.
Mas o Leixões não se desfez. Antes pelo contrário. Os do Estádio do Mar uniram-se como a corrente de uma âncora, procuraram não inventar lá atrás (tirando aquele lance aos 67’ em que Matheus não marcou porque não quis) e tiveram tino a sair com a bola (estreia interessante do jovem Seabra; jogo titânico de Fernando Alexandre, emprestado pelo Braga), voltando a colocar em sentido a defesa bracarense: aos 60’ por Faioli e dez minutos depois por Hugo Morais, que mergulhou para defesa de Eduardo.
Até ao final, o jogo foi uma enorme tempestade num copo de água. Desesperado, o Braga passou a praticar um futebol turbilhão, que resultou no golo de Alan, aos 88’. Impaciente, Domingos já tinha sido expulso. O relvado do Estádio do Mar já parecia um batatal.
Continua escrito. O Braga não vence aqui desde 1967.
Ficha de jogoLeixões, 1
Sp. Braga 1
Jogo no Estádio do Mar, em Matosinhos. Assistência
cerca de 3.000 espectadores.
Diego, Laranjeiro, Joel, Tucker, Gallo, Fernando Alexandre, Seabra (Ruben, 84'), Wênio, Hugo Morais, Braga e Faioli (Zé Manuel, 68').
Sp. BragaEduardo, João Pereira, Moisés, Rodriguez (Yazalde, 64'), Evaldo, Vandinho, Alan, Andrés Madrid (Hugo Viana, 46'), Mossoró, Meyong (Matheus, 46') e Paulo César.
ÁrbitroOlegário Benquerença (Leiria).
AmarelosRodriguez (18), João Pereira (20), Gallo (32), Braga (36 e 50), Andrés Madrid (37) e Seabra (71).
VermelhoBraga (50') e Domingos Paciência (85').
Golos1-0, por Moisés, aos 33’ (p.b.); 1-1, por Alan, aos 88’.