Avião da activista sarauí não chegou a levantar
A imprensa espanhola contou que Haidar estava já a bordo de um avião medicalizado que a levaria de volta ao Sara Ocidental, quando Rabat recuou. Madrid “tinha por escrito a autorização que permitia a descolagem e a aterragem do avião”, disse a deputada socialista Delia Blanco, que deveria ter viajado com Haidar. Fontes da diplomacia confirmaram ao El Mundo que Marrocos dera o seu aval para o regresso da activista.
Haidar está em greve de fome no aeroporto de Lanzarote desde 16 de Novembro, após ter sido expulsa de Marrocos no dia 14. Tudo começou porque a activista pela autodeterminação do povo sarauí preencheu, quando regressava de Nova Iorque, um documento escrevendo que era do “Sara Ocidental” em vez de escrever “Marrocos”. Haidar tinha acabado de receber o Prémio de Coragem Cívica da Train Foundation.
A activista foi então detida, interrogada e obrigada a voar para Lanzarote, depois de lhe ter sido confiscado o passaporte e retirados os telefones.
As autoridades marroquinas afirmaram que Haidar deve “assumir, sozinha, as consequências” do seu comportamento – Marrocos alega que tinha “deitado fora o seu passaporte”, renunciando assim à nacionalidade.
Em Lanzarote, a activista resolveu fazer uma greve de fome até ser autorizada a regressar. Madrid ofereceu-lhe, entretanto, o estatuto de refugiada política – mas a activista recusou, com medo de não voltar a ver os filhos, que continuavam no Sara Ocidental.
Assim, só suspenderia o protesto se fosse autorizada a regressar a casa.
O caso tem causado problemas em Espanha que vê, assim, recuar o estado das suas relações com Marrocos, depois de Madrid ter tentado aproximar-se de Rabat aquando da chegada do PSOE ao poder, em 2004.