Falta de soluções do Ministério da Economia levou à demissão do presidente da Aerosoles
Ontem, o ministro da Economia, Vieira da Silva, garantiu estar a acompanhar a situação. "Pretendemos que se encontrem soluções sustentadamente viáveis e que esta [a Investvar] não se transforme num departamento da administração pública", referiu, em resposta a uma interpelação do deputado do BE Pedro Soares.
Depois de esperar por uma decisão governamental sobre o projecto de viabilização da empresa, que não chegou, Ribeiro da Cunha confessou-se "marginalizado" neste processo e anunciou que deixa a presidência no final do ano.
Fica-se assim a aguardar que o Go-verno indique uma data para se pronunciar sobre a recuperação do maior grupo de calçado português, não adiantando se a solução passa pela insolvência ou pela constituição de uma nova empresa. O silêncio persiste e, neste momento, os 650 trabalhadores portugueses ainda não receberam o salário de Novembro e estão paralisados sem matéria-prima para produzir, apesar de continuarem a cumprir o horário laboral.
Artur Duarte, fundador e vice-presidente do grupo, com cerca de 40 por cento das acções, afastado do último processo de reestruturação, quer saber o ponto de situação, depois da demissão de Ribeiro da Cunha. "Tenho o direito de interpelar directamente o Ministério da Economia para saber o que se passa", afirmou ao PÚBLICO, recusando-se, porém, a revelar se pretende ou não reassumir a presidência da Investvar. "Isso agora é perfeitamente irrelevante. Procurarei saber se existe alguma possibilidade de, por um lado, evitar a insolvência do grupo e, por outro, salvaguardar os postos de trabalho", refere. O empresário adianta, por outro lado, que desde o início do ano não teve acesso aos processos de reestruturação planeados para a Investvar. "Embora seja o representante do maior accionista da empresa e vice-presidente, nunca tive qualquer interferência relativamente a este processo de reestruturação do grupo", acusa. "Nem sei se sei tudo."
O certo é que Ribeiro da Cunha bateu com a porta por não ter uma posição do Governo quanto ao plano de viabilização da Investvar, que passava pela conversão de 75 por cento da dívida da banca, num total de 40 milhões de euros, em capital, e ainda pela divisão do grupo em duas unidades de negócios. "Tenho receio de ter sido usado neste processo para chegar às eleições", disse, em declarações à Lusa.
Ribeiro da Cunha apresentou o plano de recuperação da Investvar ao ministro e ao secretário de Estado pouco depois da tomada de posse do novo Governo. Mas, numa reunião posterior com o sindicato do sector, Fernando Medina revelava que esse plano não era viável e que estariam a ser feitas alterações.