BE desfavorável a eventual reforço do contingente português no Afeganistão
“Não sou favorável a um reforço militar português. Sou favorável a uma retirada e a que Portugal não tenha que se comprometer neste conflito que desde a origem é um conflito incompreensível e em bom rigor ilegítimo”, salientou José Manuel Pureza.
O Presidente norte-americano, Barack Obama, anunciou ontem o envio de 30.000 soldados suplementares em nome do “interesse nacional vital” dos Estados Unidos, reafirmando ainda que as tropas norte-americanas terão terminado a sua retirada do Iraque no fim de 2011.
José Manuel Pureza considerou que o anúncio do reforço de 30.000 homens foi feito por Barack Obama “debaixo da pressão dos militares norte-americanos que exigiam um reforço bem maior, no mínimo 40 mil homens”. “É uma saída que o Presidente encontrou que eu chamaria de compromisso, mas na minha opinião não vai resolver o essencial porque já se provou que não é com uma inundação militar no terreno do Afeganistão que se vai resolver a questão de fundo. Pode eventualmente haver uma maior capacidade de pressão ligeira nesta altura”, salientou.
No entender de José Manuel Pureza, o reforço não resolve o essencial que é o “juízo que a população afegã faz sobre aquelas forças estrangeiras e também a sua ligação a um governo que cada vez mais é visto pela população como corrupto”.
“Basta ver as eleições presidenciais que determinaram a recondução de Hamid Karzai. Tudo isto leva a crer que a guerra do ponto de vista da sua vigência a prazo esteja a meu ver perdida”, disse o líder parlamentar do BE, salientando contudo que mais importante do que o reforço dos 30.000 homens é o reafirmar da retirada do Iraque até 2011, feito por Barack Obama.
“Este é o dado mais relevante porque mostra que se tomou consciência que do ponto de vista militar é uma guerra condenada a perder”, frisou. Ainda sobre um eventual reforço do contingente português no Afeganistão, José Manuel Pureza salientou que a acontecer seria um “acto errado do ponto de vista político”.
Portugal tem actualmente no Afeganistão 103 militares que estão a dar apoio à formação do Exército afegão. No mês passado, o ministro da Defesa, Augusto Santos Silva, indicou que Portugal vai enviar para o Afeganistão na segunda quinzena de Janeiro uma força na ordem dos 150 militares.