Distinguidos estudos sobre colesterol, cancro, malária e telómeros
Os prémios são entregues hoje às 18h30, pela ministra da Saúde, Ana Jorge, na Faculdade de Medicina de Lisboa. Cada premiado receberá 10 mil euros.
Mafalda Bourbon estudou a hipercolesterolemia familiar em Portugal, num trabalho de investigação que começou a desvendar as raízes genéticas do excesso de colesterol na população portuguesa há dez anos.
Bruno Silva Santos investigou como uma população de células do sistema imunitário – os linfócitos T gama-delta – pode ser utilizada na destruição de tumores. Numa primeira fase, estudou um composto de origem microbiana que estimula esta população de linfócitos, activando-os, o que confere a essa substância características antitumorais. Em seguida, identificou uma proteína essencial para que os linfócitos activados reconheçam e destruam as células cancerosas de linfomas e leucemias. A identificação desta proteína abre novos horizontes na terapia do cancro: poderá permitir não só a avaliação dos doentes que serão indicados para um tratamento com estes linfócitos, como a manipulação dos tumores, para que fiquem mais susceptíveis à acção destas células imunitárias.
A um nível mais fundamental, a investigação de Miguel Ferreira também permite a compreensão de mecanismos envolvidos no aparecimento do cancro. Neste caso, o trabalho centrou-se nos telómeros – estruturas protectoras compostas por ADN e proteínas, situadas nas extremidades dos cromossomas. Tal como as capas plásticas dos atacadores dos sapatos, que se desfiam à medida que envelhecem, os telómeros também se esgotam com o passar do tempo, o que nos deixa expostos ao cancro e às doenças da velhice. Miguel Ferreira descobriu que certas enzimas são utilizadas para gerar novas sequências de ADN nos telómeros, como se reconstruíssem as capas desfiadas dos atacadores dos cromossomas.
Por sua vez, Miguel Soares procurou desvendar a base molecular da tolerância do hospedeiro ao parasita da malária, o “Plasmodium”. Apesar de infectar 200 a 500 milhões de pessoas todos os anos, o parasita mata um a dois milhões. Tal significa que o “Plasmodium” “raramente” compromete a viabilidade do hospedeiro que infecta, e a compreensão por que razão tal acontece pode conduzir ao desenvolvimento de novas terapias.