Islamistas da Somália apedrejaram até à morte mulher acusada de adultério

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É pelo menos a segunda mulher a ser apedrejada até à morte por ter sido considerada pela milícia al-Shabad culpada de adultério Reuters

A mulher, que tivera um bebé nado morto, foi apedrejada até à morte perante duas centenas de pessoas, enquanto o seu companheiro levou 100 chicotadas, contou o juiz, xeque Ibrahim Abdirahman, segundo o qual o caso se deu na aldeia de Eelbon, perto de Wajid, 400 quilómetros a noroeste da capital somali, Mogadíscio.

É pelo menos a segunda mulher a ser apedrejada até à morte por ter sido considerada pela milícia al-Shabab culpada de adultério, desde que esta dissidência da antiga União dos Tribunais Islâmicos começou a impor uma rigorosa interpretação da sharia, a lei islâmica.

De acordo com os puristas do fundamentalismo islâmico, uma pessoa que já tiver sido casada - mesmo que divorciada - e que depois tenha relações com outra é susceptível de ser considerada culpada de adultério, o que é punível com apedrejamento até à morte.

Quanto a um indivíduo solteiro que se atreva a ter relações sexuais antes do casamento, poderá levar uma centena de chicotadas.

O correspondente da BBC na África Oriental, Will Ross, contou que, se bem que só tenham sido confirmadas duas mortes, às mãos da justiça da al-Shabab, já houve na Somália pelo menos quatro apedrejamentos por adultério, durante este último ano.

No princípio deste mês, um homem de 33 anos foi apedrejado até à morte por adultério, na cidade portuária de Merka, a sul de Mogadíscio. E a namorada, que se encontra grávida, avisada de que terá o mesmo destino depois de dar à luz.

O ano passado uma rapariga foi apedrejada mortalmente, por adultério, na cidade de Kismayo, mais a sul, já perto da fronteira com o Quénia. Grupos de defesa dos direitos humanos contaram que a rapariga tinha apenas 13 anos e que fora violada, contrariando assim a versão dos fundamentalistas segundo a qual ela já era mais velha e fora casada.

No mês passado, dois homens foram apedrejados até à morte em Merka, depois de acusados de espionagem, enquanto o país continua há 18 anos sem uma administração efectiva que exerça a sua autoridade sobre todo o território. Em cada uma das regiões são diferentes as entidades que legislam e que aplicam a lei à sua própria maneira.

A al-Shabab e o seu aliado Hizbul Islam combatem o frágil Governo dirigido em Mogadíscio pelo Presidente Sharif Sheik Ahmed, um islamista moderado que tomou posse em Janeiro e cuja interpretação da sharia é considerada muito suave pelos puristas.

Calcula-se que 19.000 civis já morreram desde que, no princípio de 2007, aqueles dois grupos radicais começaram a controlar grandes áreas do centro e do sul da Somália, combatendo as autoridades instaladas na capital e que são apoiadas pela vizinha Etiópia.

No entender dos Estados Unidos, a al-Shabab tem íntimas ligações com a rede al-Qaeda, de Osama bin Laden, e está a transformar as terras somalis num ninho de terroristas.

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