Índios Yanomami começaram a morrer com gripe A
Segundo a Survival International, ONG de defesa dos direitos das populações indígenas, sete pessoas dessa tribo morreram nas últimas duas semanas com gripe pandémica e mais 1000 poderão já ter sido infectadas pelo vírus A H1N1.
Os Yanomami são a maior tribo indígena relativamente isolada a viver na floresta amazónica. Nos anos 1980 e 1990, 20 por cento dos Yanomami do Brasil sucumbiram à gripe e ao paludismo quando os mineiros de ouro ilegais invadiram o seu território. A Survival estima que actualmente restem 32 mil Yanomami, distribuídos por comunidades de várias centenas de pessoas. E considera a sua situação neste momento muito crítica.
“Ambos os governos [venezuelano e brasileiro] devem tomar medidas imediatas para travar a epidemia e melhorar radicalmente os cuidados de saúde dispensados aos Yanomami”, diz Stephen Corry, director da ONG, num comunicado. “Se não o fizerem, poderíamos voltar a ver centenas de Yanomami a morrer de doenças tratáveis. Isso seria devastador para esta tribo isolada, cuja população só agora conseguiu recuperar das epidemias que a dizimaram há 20 anos.”
É o seu relativo isolamento que torna estas comunidades particularmente vulneráveis a doenças importadas como a gripe. Para mais, muitas das aldeias indígenas quase não têm acesso aos cuidados de saúde – e como a região é de difícil acesso, isso dificulta a intervenção da ajuda médica de emergência.
A Organização Mundial da Saúde já confirmou a presença do vírus na região e o governo venezuelano, diz ainda o comunicado, já isolou a área e enviou várias equipas médicas. Mas segundo a AFP, ainda não confirmou os números, tendo o Presidente Hugo Chávez declarado apenas, ontem à noite, que “tinham agido rapidamente” contra a gripe “que ataca duramente uma população indígena” e que a situação estava “sob controlo”. Na Venezuela já morreram de gripe pandémica 95 pessoas. E os cinco milhões de doses de vacina anti-gripe que as autoridades devem comprar só irão chegar ao país no início de 2010.