O que mais surpreende, e o que mais se impõe, neste "Distrito 9" é a sua vocação para o mimetismo e para a parábola. O encadeamento de ideias(o "apartheid", tratando-se de um filme sul-africano) é quase perfeito e retoma uma tradição antiga de usar a ficção científica para reflectir o "estado do mundo" (um pouco mais do que o "apartheid", visto que naquele amontoado de extra-terrestres também se vêem as "wretched masses" do terceiro mundo encalhadas à porta das terras da abundância). Mas Blomkamp praticamente reduz isto a uma caução (e não é sequer a "metamorfose" que o motiva, ainda mero condimento), um pretexto para uma demonstração de convicção narrativa que oscila entre a "eficácia" da factura e a pobreza do imaginário. O que quer dizer que nunca perdemos o interesse mas que esse interesse coexiste com a irritação pelo oportunismo e, sobretudo, pelo desperdício de tantas ideias que pareciam tão boas.
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