A espanhola Isabel Coixet anda háanos ("Coisas que Nunca Te Disse", "AMinha Vida Sem Mim", "A VidaSecreta das Palavras") a filmarhistórias de personagens "sensíveis"vítimas de crises existenciais de todoo tipo, numa mistura (nada explosiva,"hélas!") de filosofia positiva digna demagazine dominical e melancoliaartificial criada e caucionada pela suaprópria pose (ou seja, uma versão"soft", e portanto aceitável, do quealguns vêem como "tiques" do"cinema de autor"). Dentro do seugénero, filmes tão honestos quantoenfadonhos. Mas que fazem de Coixeta última pessoa que noslembraríamos de recomendar parafilmar uma história de Philip Roth.
Em todo o caso ninguém nosperguntou nada (leitores "online",pela vossa saúde, não deixem tantapresunção passar em claro), e eis"Elegia", título que pudicamenteesconde o "Animal Moribundo" doescritor americano. A angústia crua,egoísta, mesmo "isolacionista", domacho solitário e envelhecidoreconvertida na neblina sentimentalde um mau melodrama. Que não tembem "cenas", antes "vinhetas"ilustrativas à espera do diálogo (ou dafrase, ou pior, da máxima) que as vemresolver e justificar. Que não tem"personagens", mas (de Kingsley eCruz a Dennis Hopper e PatriciaClarkson) "exemplos", retóricos eambulantes. Que não tem"ambiente", e muito menos"meteorologia", mas umafotografia de enjoativos cinzentos eazuis que nos grita "reparem, é oOutono da vida". E que faz o quepode (interlúdios musicais e tudo)para que o espectador não saia sem asua lagrimita. O poder do cinema:Coixet não fez Roth, fez Coixet.Infelizmente, "fazer Coixet" é algo demuito pouco interessante.