Michael Jackson, morreu o homem-criança da cultura pop

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Jackson deveria regressar aos palcos em Julho Stefan Wermuth/Reuters

Em 1968, os Jackson 5, assim se chamava o colectivo familiar, assinam pela editora Motown. O primeiro single, “I want you back”, lançado no ano seguinte, tinha Michael 11 anos, transforma-se de imediato num sucesso, o mesmo sucedendo com os seguintes, “ABC”, “The love you save” ou “I’ll be there”, todos eles conseguindo alcançar o primeiro lugar do top em 1970.

Em 1971, a Motown lança-o, a solo, com o single “Got to be there”. No ano seguinte alcança, a solo, o seu primeiro lugar no top, com o single “Ben”, que viria a ser nomeado para os Óscares. O quarto e último álbum a solo que viria a lançar pela Motown foi em 1975. No ano seguinte, ele e os irmãos (sem Jermaine), assinaram pela Epic e mudaram o nome para Jacksons.

Encontro com Quincy Jones

Em 1997, Michael conhece o produtor e compositor Quincy Jones, um encontro que lhe marcaria a vida para sempre. Encorajado pelo sucesso do seu álbum a solo “Destiny” (1978), resolve aliar-se a Quincy, apesar de algumas resistência do pai e “manager”.


“Off The Wall”, produzido por Quincy Jones, o seu verdadeiro primeiro álbum – pelo menos na idade adulta – marca a sua definitiva afirmação. Através desse álbum e de canções como “Don’t stop’ til you get enough” e “Rock with you”, mistura de temas funk e baladas soul, torna-se numa estrela planetária, vendendo cerca de sete milhões de cópias em todo o mundo.

Apesar do êxito, poucos poderiam prever o que se seguiria. O álbum “Thriller”, mais uma vez produzido por Quincy Jones, continua o álbum mais vendido de sempre da história da música popular – 104 milhões de cópias vendidas até hoje. Paul McCartney ou o guitarrista Eddie Van Halen davam uma ajuda, mas o mérito ia para a dupla Michael & Quincy, criando canções e baladas marcadas por influências pop, soul, funk, R&B ou rock, como “Billie Jean”, “Beat it”, “Wanna be startin’ somethin’”, “Human nature”, “Thriller” ou “The girl is mine”.

A cultura do vídeoclip

Nessa altura, participa noutra revolução, concebendo vídeos como nunca antes houvera, em particular, o longo vídeoclip (mais de 15 minutos) para a canção “Thriller”. O álbum permaneceu nos tops durante dois anos e Michael arrecadou os mais diversos prémios. Numa só noite ganhou oito “Grammys”. Um recorde à época.


Em 1983 estava outra vez no top dos singles com “Say Say”, segundo dueto com Paul McCartney. Em 1984 juntou-se aos irmãos, pela última vez, para o álbum “Victory”, cuja digressão haveria de ser uma das mais rentáveis desses anos. No ano seguinte, na companhia de Lionel Richie, compõe “We are the world”, para a campanha “USA For África”, que se viria a tornar num dos singles mais vendidos na semana de lançamento.

Da sua vida privada, à época, não se sabia muito. Era tímido. Não dava muitas entrevistas. O que talvez encorajasse a especulação. Compra uma propriedade na Califórnia, Neverland, e a sua pele começa a clarear, nunca sendo evidente se por opção ou doença.

Os rumores à sua volta adensam-se. Um dos que se prova ser verdade, em 1985, é o que o transforma em proprietário dos direitos sobre o catálogo dos Beatles. Dois anos depois regressa, finalmente, aos álbuns com “Bad”. Como já acontecera com “Thriller”, uma série de singles retirados desse disco (“I just can’t stop loving you”, “Bad”, “The way you make me feel”, “Man in the mirror”) mantém-se nas tabelas ao longo dos anos seguintes.

Depois de uma longa, espectacular e lucrativa digressão, regressa em 1991 com “Dangerous”, encerrando a sua colaboração com Quincy Jones, optando pelo produtor Terry Riley, na tentativa de refrescar a sua música. O álbum entra para o primeiro lugar do top, o mesmo acontecendo com o single “Black or White”.

Em 1993 foi acusado de molestar um rapaz de 13 anos. As investigações revelaram-se inconclusivas, mas Michael resolveu pagar à família do rapaz uma verba entre os 18 e os 20 milhões de dólares. Quando casou com Lisa Marie Presley, em 1994, o gesto foi visto como uma tentativa de reabilitar a imagem. Dezanove meses depois o casamento desfez-se. No final de 1996 volta a casar-se. Desta vez com a enfermeira Debbie Rowe. Nos dois anos seguintes, o casal tem dois filhos, mas divorcia-se em 1999.

Em 2001 lança “Invincible”, o seu último álbum de originais. Não se pode considerar que seja um insucesso comercial, mas as divergências com a editora Sony acentuam o seu comportamento fora do comum. Em 2003 o seu rancho é revistado pela polícia, acabando acusado de assédio sexual a crianças. Em 2005, teve início o seu julgamento. No final, foi ilibado das acusações.

Mas Michael Jackson nunca mais recuperou. Viajou para vários países, do Bahrain à Irlanda, e durante os últimos dois anos muito se especulou sobre um provável regresso. Um retorno aos palcos que estava previsto para o próximo mês, em Londres, que nunca se concretizará.

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