Projecto de combate a espécies invasoras “limpou” 80 hectares de exótica em São Miguel
As plantas exóticas invasoras são uma das maiores ameaças à conservação da biodiversidade, contribuindo para o desaparecimento de espécies e de habitats naturais.
No arquipélago dos Açores, espécies invasoras como a Conteira, o Gigante, a Cana ou o Incenso têm vindo a invadir e destruir muitas áreas naturais, colocando em causa a sobrevivência de plantas e animais únicos destas ilhas atlânticas.
A degradação da floresta Laurissilva em São Miguel colocou em risco plantas como a uva-da-serra, o louro ou o azevinho, além de quase ter provocado a extinção do priôlo, uma espécie de ave que apenas existe na parte oriental desta ilha açoriana.
Para contrariar esta tendência, o projecto Laurissilva Sustentável, que começou em finais de Maio, tem como objectivo o controlo de Gigante (Gunnera tinctoria) nas zonas de turfeiras, tendo em vista a conservação e recuperação dos habitats florestais naturais dos Açores.
No caso específico das turfeiras, esta acção permite assegurar a função que este ecossistema desempenha na manutenção dos recursos hídricos, armazenando e abastecendo de água as áreas adjacentes. As turfeiras são um tipo de habitat que tem vindo a assumir especial importância, apesar de serem cada vez mais raras e com dimensões mais reduzidas. Estas zonas, que absorvem grandes quantidades de água, são fundamentais para a recarga dos aquíferos que abastecem as populações, sendo, por isso, a sua preservação essencial para garantir a qualidade e quantidade da água.
O projecto Laurissilva Sustentável, coordenado pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (Spea), em parceria com a Secretaria Regional do Ambiente e a Câmara da Povoação, pretende, ao longo dos próximos quatro anos, recuperar a floresta Laurissilva e as turfeiras de altitude dos Graminhais, dois dos habitats mais ameaçados em São Miguel.
Nesse sentido, este projecto, que decorre até Dezembro de 2012, incide especialmente na Zona de Protecção Especial Pico da Vara/Ribeira do Guilherme, que abrange a maior mancha de vegetação natural desta ilha e uma das maiores do arquipélago açoriano.