Fado tem dois meses e será um dos primeiros habitantes do Centro de Reprodução do Lince-ibérico
No grupo está o Fado, hoje com dois meses. “Escolhemos este nome já a pensar no centro português”, explicou Astrid Vargas, a coordenadora do Programa Ibérico de Reprodução de Lince em Cativeiro. Para a responsável, a equipa técnica portuguesa é “excelente e muito bem preparada”. Segundo Rodrigo Serra, director técnico do centro, todos os técnicos tiveram informação, durante meses, em Espanha. Fazem parte da equipa dois veterinários, uma bióloga (especializada em comportamento animal), uma administrativa e quatro tratadores.
O centro de reprodução, ocupando uma área total de cinco a seis hectares, tem capacidade para receber 16 animais. No limite, pode chegar a 32.
O modelo de gestão será muito semelhante ao centro de reprodução de Doñana, até porque está inserido na rede ibérica de centros: três em Espanha, este em Silves e um que está previsto, para 2010, na Estremadura espanhola. “É muito importante que abram mais centros, para aumentar a variabilidade genética”, explicou Astrid Vargas.
Hoje, Espanha tem 78 linces em cativeiro, 42 nasceram nos centros de reprodução, 18 dos quais este ano. A razão do sucesso é, explicou Vargas, “a existência de mais fêmeas adultas e o nosso maior conhecimento técnico”.
Um dos maiores obstáculos ao programa de reprodução é o período das lutas entre crias, quando estas têm dois meses. Durante este período, “os animais ficam muito agressivos, obrigando a que a vigilância seja muito intensiva”, explicou a responsável espanhola.
Muito vigiado
O Fado terá à sua disposição cercados com mil metros quadrados, cada um com cinco câmaras de vigilância, onde só poderão entrar dois tratadores. Haverá também uma clínica, um laboratório, uma cozinha, um centro de criação artificial, um edifício de quarentena e um centro de coordenação onde serão visionadas as imagens captadas pelas câmaras.
“Esperemos que os linces sejam libertados. Por isso, queremos que sejam saudáveis”, explicou Rodrigo Serra, adiantando que o centro não será visitável. “Não os podemos habituar aos humanos”, até porque estes podem transmitir doenças aos bichos. “É um risco muito grande”, sublinhou o técnico português.
As primeiras tarefas da equipa serão o enriquecimento ambiental dos cercados – colocando elementos dos habitats do lince como plantas arbustivas de cheiro, troncos, pedras e coelhos vivos, o seu prato favorito – para tornar os animais mais adaptados ao seu meio natural.
Para Astrid Vargas, um bom resultado ao final de um ano seria apenas conseguir que “os linces estejam de boa saúde”. Rodrigo Serra sublinha que nos próximos cinco anos imperará “a obrigação de saber onde será importante reintroduzir os animais.”
O secretário de Estado do Ambiente, Humberto Rosa, considera que o centro é uma “marca histórica na conservação da natureza em Portugal”.
O centro exigirá um investimento de 300 mil euros por ano a pagar pelas Águas do Algarve até 2025.