Preso de Guantánamo será transferido e julgado em Nova Iorque

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Ahmed Ghailani numa foto sem data divulgada há alguns anos pelo FBI

“Acusar Ahmed Ghailani num tribunal federal é assegurar que ele finalmente responde pelo seu alegado papel nas bombas das nossas embaixadas na Tanzânia e no Quénia”, disse em comunicado o attorney general (equivalente a ministro da Justiça) Eric Holder.

Quando foi inicialmente acusado em Nova Iorque – onde decorrem muitos julgamentos por incidentes internacionais –, Ghailani estava em fuga. Foi capturado em 2004, no Paquistão, e era um dos 14 “detidos de alto valor” que a CIA manteve em prisões secretas, sujeitos a técnicas “avançadas de interrogatório”, algumas consideradas tortura pela actual Casa Branca. Está em Guantánamo desde 2006.

O tanzaniano foi acusado pelos atentados de 1998 contra as embaixadas da Tanzânia e do Quénia, mas também por “participação numa conspiração da Al-Qaeda para matar, realizar atentados com explosivos e mutilar civis americanos em qualquer sítio do mundo”. Ao todo, um tribunal de Nova Iorque tinha-o acusado por 286 crimes logo em 1998.

Em 2007, na audiência de Guantánamo que deveria determinar se ele era um “combatente inimigo”, Ghailani confessou ter ajudado a comprar um camião usado no ataque na Tanzânia e tê-lo carregado de explosivos e detonadores semanas antes das explosões. Mas Ghailani explicou que não sabia que estes seriam usados contra a embaixada. Onze pessoas morreram no seu país e outras 213 foram mortas nos ataques quase simultâneos de Nairobi.

Segundo explicou um responsável ao jornal “The Washington Post”, o Departamento da Justiça acredita que o tribunal federal onde Ghailani será julgado em Nova Iorque terá em conta a gravidade das acusações e os procuradores federais conseguirão prová-las sem as informações recolhidas pela CIA ou pelos interrogadores militares.

O anúncio chega logo depois de o Senado ter bloqueado fundos pedidos pela Casa Branca para encerrar Guantánamo, tentando precisamente impedir a transferência de presos para os EUA. Os congressistas recusam aprovar os fundos porque a Administração Obama ainda não apresentou um plano para o encerramento, nem disse onde ficarão os presos que forem julgados ou condenados – e todos os legisladores têm dito que recusam transferências destes presos para os seus estados.

Em Guantánamo estão ainda 240 homens. O Presidente Barack Obama tinha ordenado a suspensão das comissões militares onde alguns estavam a ser julgados e a revisão de todos os casos em 120 dias - o prazo acabou ontem, mas foi prolongado por mais 120.

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