Surto de gripe suína no México e EUA é "preocupante a nível internacional", diz a OMS

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Um polícia montado mexicano na histórica Praça de Zocalo, na Cidade do México Eliana Aponte/REUTERS

O vírus responsável pelo surto é uma nova estirpe, nunca antes vista, do H1N1, da gripe suína, uma mistura muito invulgar de material genético de porcos, aves e humanos. Mas enquanto a gripe suína se transmite raramente de porcos para pessoas, e ainda mais raramente de pessoa para pessoa, a marca desta estirpe parece ser uma transmissão simples de pessoa para pessoa.

Entre os casos confirmados de infecção estão oito americanos, divididos em três grupos sem contacto entre si, que nunca tinham tido contacto com suínos — e que entretanto recuperaram da doença.

Uma questão-chave para perceber o potencial deste vírus é a taxa de mortalidade, sublinha a revista New Scientist. Para já, não se faz ideia de quantas pessoas morreram face ao número total de infecções. No México, há 68 mortes suspeitas, das quais 18 têm como confirmada a causa, e há ainda mil pessoas com sintomas.

O ministro mexicano da Saúde, José Angél Córbova, afirmou que está optimista, porque todas as mortes ocorreram antes de ontem.

No entanto, há razões para preocupação: primeiro, a transmissão fácil de pessoa para pessoa, que dá ao vírus o potencial de criar uma pandemia, disse a directora-geral da OMS, Margaret Chan, citada pela Reuters. Segundo, a maioria das mortes ocorreram entre pessoas de idades entre os 25 e os 45, quando a gripe costuma atacar crianças e idosos.

Os Centros para o Controlo e Prevenção das Doenças (CDC), o organismo encarregado da vigilância da saúde pública nos EUA, disse que o vírus está já disseminado e não pode ser “contido”. Há casos na Califórnia, no Texas, e no Kansas, e havia ainda suspeitas em relação a oito crianças de Nova Iorque.

“O vírus já está espalhado. Por isso, temos de vos dizer que não o conseguimos conter”, disse a responsável Anne Schudat, citada pela Reuters. Estas medidas resultam quando os casos estão localizados, o que não acontece com este vírus.

Na América Latina, países como Chile, Peru, Brasil, Colômbia, Equador puseram ontem em prática medidas de protecção, reforçando vigilância em aeroportos e postos fronteiriços, diz o diário espanhol El Mundo.

A busca da vacina

Não há ainda vacina para esta estirpe do vírus — o CDC diz que está a preparar uma, mas que deverá ainda levar meses —, mas há pelo menos dois medicamentos eficazes, o Tamiflu (nome comercial do remédio do laboratório Roche) e o Relenza (nome comercial, GlaxoSmithKleine).

Para prevenir a transmissão, aconselha-se o uso de máscaras e lavar frequentemente as mãos.

Em Portugal e na Europa não há casos registados, tinha informado na sexta-feira a Direcção-Geral da Saúde, segundo a Lusa. Mas a OMS apela aos países que tenham especial atenção a casos suspeitos. Os sintomas desta estirpe do vírus são semelhantes aos da gripe normal: cansaço, dores musculares, febre, tosse, mas terão mais náuseas e diarreia.

A OMS acabou por não decidir aumentar o nível de alerta de gripe, actualmente 3 numa escala de 1 a 5 (o nível manteve-se inalterado mesmo com a circulação da gripe das aves).

A última pandemia de gripe ocorreu em 1968, com a gripe de Hong Kong, que matou um milhão de pessoas em todo o mundo. Em 1976, outra estirpe do vírus H1N1 passou de porcos para humanos, matando uma pessoa em Nova Jérsia (EUA), mas não chegou a causar uma epidemia humana.

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