Os Estranhos

No papel, é um corriqueiro "slasher movie" baseado numa das histórias clássicas do género - o casal sozinho numa casa de campo isolada que se vê ameaçado por estranhos mascarados que, claramente, não têm boas intenções. Ainda por cima, ao começar pelo final, o estreante Bryan Bertino nem se dá ao trabalho de esconder o que aí vem. O que torna, então, "Os Estranhos" num dos melhores filmes de terror que vimos recentemente é o modo metódico e distendido como mantém a tensão, a atmosfera inquietante que cria sem precisar de carregar no sangue e nas tripas, a encenação precisa e cuidada com que tudo se encadeia - a utilização da música, então, é exemplar, quer sejam as discretas orquestrações electrónicas de Tomandandy ou as canções judiciosamente colocadas de Joanna Newsom ou Merle Haggard.

Sem perder tempo com explicações, razões ou motivações, fazendo dos seus vilões sádicos encarnações em bruto do Mal e das suas vítimas inocentes confrontados com os seus piores medos, Bertino constrói um notável exercício de estilo sobre a mecânica do filme de género, quase abstracto no modo como destila a essência do "slasher" em menos de hora e meia.

Sugerir correcção
Comentar