Como bom ex-crítico de cinema, agrande virtude de Olivier Assayas é oecletismo. De um filme para outro,num piscar de olhos, pode passar deAsia Argento a Edith Scob, da véniaao policial de Hong Kong àhomenagem ao naturalismo francês(neste caso com uma coloraçãorenoiriana, mais assinalada do que"endémica").
"Tempos deVerão", que como o"Balão Vermelho" deHou Hsiao-Hsien(cineasta queAssayas, de resto,ajudou muito adescobrir) é umfilmepatrocinado peloMuseu d''Orsay,trata de umaespécie de dissoluçãoda memória e dasheranças (o legado de umpintor impressionista, dividido entreos familiares e o museu), filma odiálogo "outonal" entre épocas esensibilidades diferentes. Éinteressante, as suas observaçõessão justas, mas depois dos últimosplanos com Scob na penumbra dasua casa Assayas nunca maisencontra uma expressão poderosapara esta história. Ficamos com umasensação frequente nos seus filmes:a de que tudo está certo e tudo é, dealguma maneira, "irrepreensível",mas também desvitalizado,conformado, anódino.