O que se torna mais interessante, em "A Turma" passa pelo valor paradigmático da leitura espacial e política da sala de aula, sem demagogias ou facilidades de representação: aqueles alunos e aqueles professores existem e não se circunscrevem ao lugar em que Laurent Cantet os coloca.
O tom de urgente reportagem confere à ficção "documental" uma beleza útil e uma pungência, nunca é obviamente tratada. A câmara interroga, investiga e discute, nas entrelinhas o futuro de um sistema de ensino confrontado com um sem-número de novas realidades. Não se trata, apenas, de um exercício no vácuo sobre a escola "multiculturalista", mas de um ensaio sobre um mundo de contrastes e de desafios ainda sem resposta cabal.