"A Turma" não fala de uma escola, de uma turma, de um professor: fala de todas as escolas, de todas as turmas, de todos os professores, qualquer que seja o país ou a cidade. E, para lá disso, do modo como a escola funciona como um microcosmos reflector do que se passa lá fora, um espaço quase protegido onde o exterior pode ser compreendido, recriado, interpretado, mas que não está imune às tensões que se trazem de casa.
O que resulta do dispositivo que Laurent Cantet montou, aplicando as técnicas do documentário à ficção, é um dos mais notáveis filmes que vimos em 2008, muito próximo do sublime "O Segredo de um Cuscus" no modo como se instala de corpo inteiro numa situação social que permite todas as armadilhas e as evita habilmente pelo simples facto de se concentrar nas pessoas. E
ste professor e estes alunos não são símbolos, bonecos ou arquétipos - são gente de corpo inteiro. E é muito bom ver isso no cinema.