Arqueologia: pedras azuis podem guardar um dos mistérios de Stonehenge

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Stonehenge é um dos monumentos mais visitados do país Paul Hackett/Reuters (arquivo)

As pedras azuis, localizadas dentro dos pilares maiores, são um dos pontos fortes das escavações. Os investigadores acreditam que estas pedras guardam uma das características atribuídas a Stonehenge: ser um local de cura milagrosa.

A hipótese é levantada com base em restos humanos encontrados na região. Alguns demonstram sinais de ossos partidos e outros vestígios de operações ao crânio. Além disso, inscrições neolíticas encontradas no local de origem das pedras azuis (Preseli Hills) indicam que os povos acreditavam que as rochas eram mágicas e que as águas dos rios tinham propriedades curativas.

Os investigadores traçaram o caminho das pedras centrais de Stonehenge, que têm um matiz azulado. Elas foram trazidas de Preseli Hills, tenho sido transportadas das montanhas de Gales até a Planície de Salisbury, onde fica o monumento. "Isto é um processo [transporte de pedras] que aconteceu em vários monumentos da Europa", explicou ao PÚBLICO o arqueólogo Vítor Gonçalves, da Universidade de Lisboa. "As pedras azuis foram levadas para Stonehenge mas não são as mais antigas da construção", disse.

As escavações vão tentar descobrir quando é que o círculo de Stonehenge, constituído pelas pedras azuis, foi edificado. Outros estudos realizados na década de 1990 concluíram que o círculo foi feito por volta de 2500 antes de Cristo (a.C.), mas não foi possível chegar a uma data mais exacta.

O projecto é apoiado pela “English Heritage”, instituição pública promove a história do país, e vai ser acompanhado, com cobertura multimédia, pela BBC.

Local com forte "carga de sagrado"

Stonehenge guarda cinzas de mais 250 corpos. Era um local de culto, de adoração dos ancestrais e comunhão com os mortos. Isto faz com que o monumento seja considerado o maior cemitério da Grã-Bretanha antiga. Mesmo assim, a função original de Stonehenge ainda suscita muitas teorias.


"É um momumento fantástico. É uma série de monumentos que foram sendo construídos ao logo do tempo, o que vemos hoje é da Idade do Bronze", contou Vítor Gonçalves. "As primeiras construções no local datam de 4000 a.C.", referiu.

No ano passado, escavações arqueológicas feitas perto da Planície de Salisbury encontraram vestígios de casas antigas que, ao que as provas científicas demonstram, eram usadas para a realização de festas e cerimónias fúnebres. "Há espaços que têm uma carga de sagrado muito forte e acabam por ser conservados" durante os tempos, como o Stonehenge.

De acordo com o director do Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa, existem mais monumentos semelhantes ao Stonehenge naquela região da Grã-Bretanha. Para além de locais sagrados, estas construções também foram usadas para a observação astronómica.

Se o local é já considerado um espaço de culto aos mortos e de religiosidade, as novas escavações pretendem descobrir se Stonehenge foi também um local de peregrinação para salvar vidas ou curar doenças. O local já foi escavado e estudado "durante muito tempo", pelo que Vítor Gonçalves pensa que é "difícil" saber-se mais do que se sabe agora.

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