Co-incineração na cimenteira de Souselas poderá agravar problemas de saúde das populações
"Já existe há muitos anos um défice de saúde" entre as populações que residem naquela área do norte do concelho de Coimbra, disse Massano Cardoso à agência Lusa, lamentando a decisão do Governo de fazer avançar o processo sem uma avaliação actualizada do impacto ambiental.
A Cimpor anunciou ontem que a co-incineração de resíduos industriais perigosos (RIP) arrancou já na fábrica de Souselas, depois de "verificadas todas as condições para o seu licenciamento".
Na opinião do provedor do Ambiente, catedrático da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, "faria todo o sentido fazer um novo estudo" de avaliação de impacto ambiental, tendo em conta que o primeiro, realizado há cerca de 10 anos, "já estava ultrapassado".
A monitorização das emissões dos fornos da fábrica para a atmosfera "é feita de um modo pontual", sublinhou.
Massano Cardoso salientou, por outro lado, que "não foi cumprida a promessa de acompanhar as populações em termos de saúde".
Admitindo que a necessidade de tratamento dos RIP implica que alguns sejam destruídos nas fábricas de cimento, defendeu que "o problema desta decisão é o sítio onde se faz a co-incineração".
"Depois de verificadas todas as condições necessárias ao seu licenciamento, a fábrica da Cimpor, em Souselas, iniciou o processo de valorização dos Resíduos Industriais Perigosos", refere uma nota divulgada ontem pela Cimpor.
O conselho de administração do grupo afirma que "os RIP utilizados actualmente são resultantes do processamento de resíduos de hidrocarbonetos provenientes de vários sectores industriais".